Metade do céu, metade de uma estrela, metade de uma nuvem, metade da lua, metade da noite, metade do dia... metade da Vida!
Saí para fora e olhei em volta! Queria ver tudo... Queria tudo por inteiro, mas só tinha metades!
Achava que sonhar alto era querer a mais. Achava que não teria direito a tudo e lutei apenas por pouco... Aliás... limitei-me aceitar aquilo que me aparecia à frente!
Mas estava na hora de perceber uma coisa: Só se dá o devido valor às coisas quando as perdemos.
E tinha chegado então o momento de testar as minhas asas e resistência que tinha para me suportar bem lá no alto!
O ar faltava-me e os meus ouvidos arrastavam sons incompreensíveis. Eram vozes daqueles que há uns tempos não queria sequer ouvir, e que neste momento me faziam tanta falta.
A qualquer altura poderia cair! Senti as mais incríveis sensações... Coisas que não se conseguem sequer imaginar nem descrever... era voar pela primeira vez e ter medo de cair...
Perdi muitas metades da minha vida: coisas valiosas, sítios memoráveis, pessoas que não sei se voltarei abraçar, oportunidades e até mesmo novas vidas.
Mas um dia ganhei muito: ganhei coragem de voar e ir em busca de metades que tanta falta me fazem: valorizar mais as coisas, ir a sítios memoráveis, relembrar pessoas que já partiram, lutar pelas oportunidades e reviver dia a dia como se fosse uma nova vida.
Apesar de ser mais seguro ficar no chão, por vezes é onde há mais perigo de nos magoarmos, e entre a Terra e o Céu é onde moram os maiores prazeres da vida!
Não importa onde eu vá, ou até onde consigo ir. Haverá sempre memórias que virão à tona "um dia..."!
Haverá muito a questionar e dificuldades em acreditar, por isso não me digas onde te posso encontrar.
Sei somente que é entre a Terra e o Céu que se vivem os sonhos, as realidades, as fantasias e felicidades...
Esta é a minha doce possibilidade imaginada. Mas se não sonhar e acreditar, no que me vou eu basear?!
Quando mais vivo mais aprendo, quando mais aprendo mais eu percebo que não sou nada!
A cada passo que dou, a cada página que eu viro ou rasgo, a cada metro que ando, a cada dia que respiro só me mostra o quanto eu tenho de ir.
Afinal, qual é o problema de eu querer mais?!
Se posso voar, então subo...
Porque com tanto que há, com nada que sou, porquê contentar-me com metades?!
Porquê contentar-me com migalhas, quando posso ter o bolo todo?
Eu estou viva: posso ouvir, ver e sentir!
E agora?
Agora só me resta voar!
Agora só me resta voar!
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