quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Metades


Só percebi que estava viva, quando abri a janela do meu quarto e avistei um Mundo por metade.

Metade do céu, metade de uma estrela, metade de uma nuvem, metade da lua, metade da noite, metade do dia... metade da Vida!
Saí para fora e olhei em volta! Queria ver tudo... Queria tudo por inteiro, mas só tinha metades!
Achava que sonhar alto era querer a mais. Achava que não teria direito a tudo e lutei apenas por pouco... Aliás... limitei-me aceitar aquilo que me aparecia à frente!
Mas estava na hora de perceber uma coisa: Só se dá o devido valor às coisas quando as perdemos.
E tinha chegado então o momento de testar as minhas asas e resistência que tinha para me suportar bem lá no alto!
O ar faltava-me e os meus ouvidos arrastavam sons incompreensíveis. Eram vozes daqueles que há uns tempos não queria sequer ouvir, e que neste momento me faziam tanta falta.
A qualquer altura poderia cair! Senti as mais incríveis sensações... Coisas que não se conseguem sequer imaginar nem descrever... era voar pela primeira vez e ter medo de cair...

Perdi muitas metades da minha vida: coisas valiosas, sítios memoráveis, pessoas que não sei se voltarei abraçar, oportunidades e até mesmo novas vidas.
Mas um dia ganhei muito: ganhei coragem de voar e ir em busca de metades que tanta falta me fazem: valorizar mais as coisas, ir a sítios memoráveis, relembrar pessoas que já partiram, lutar pelas oportunidades e reviver dia a dia como se fosse uma nova vida.

Apesar de ser mais seguro ficar no chão, por vezes é onde há mais perigo de nos magoarmos, e entre a Terra e o Céu é onde moram os maiores prazeres da vida!
Não importa onde eu vá, ou até onde consigo ir. Haverá sempre memórias que virão à tona "um dia..."!
Haverá muito a questionar e dificuldades em acreditar, por isso não me digas onde te posso encontrar.
Sei somente que é entre a Terra e o Céu que se vivem os sonhos, as realidades, as fantasias e felicidades...
Esta é a minha doce possibilidade imaginada. Mas se não sonhar e acreditar, no que me vou eu basear?!
Quando mais vivo mais aprendo, quando mais aprendo mais eu percebo que não sou nada!
A cada passo que dou, a cada página que eu viro ou rasgo, a cada metro que ando, a cada dia que respiro só me mostra o quanto eu tenho de ir.
Afinal, qual é o problema de eu querer mais?!
Se posso voar, então subo...
Porque com tanto que há, com nada que sou, porquê contentar-me com metades?!
Porquê contentar-me com migalhas, quando posso ter o bolo todo?
Eu estou viva: posso ouvir, ver e sentir!
E agora?
Agora só me resta voar!

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