segunda-feira, 25 de março de 2013

O Ninguém no Nada



Num eco distante
Segreda-me ao ouvido
A proximidade de um sentimento

Sentado no nada
O vazio transforma-se em murmúrios
Em palavras brancas
Desprovidas de impossíveis

E ali
Onde nada é por acaso
Ouve-se o grito no silêncio
De alguém que perdido no nada
Se sente ninguém

Um ninguém apenas com memórias

E que agora dá passos

Que não deixa marcas na areia...


PatríciAntão

Otra vez me has sacado a bailar

sexta-feira, 22 de março de 2013

Música



Naquela música intensa, que quando toca parece minha. Só minha. Quero essa música só para mim. Quem a fez jamais me viu, mas ele só poderia ter escrito para mim. Aquela letra sou eu.... aquelas palavras são para mim!

Quando começo ouvi-la os meus lábios começam a reagir, aqueles lábios pesados e duros que nunca cantam e têm medo de beijar.

Mas a música é para mim.

Há palavras que nos beijam?

Há músicas que nos transformam.

PatríciAntão

O Porquê da minha relidade



"Porque continuas sonhadora? Porque continuas tão sensível?Porque continuas ser anormalmente emocional?"

- Bati com a cabeça em pedras muito duras, sangrei, curei as feridas com o sal das lágrimas. Cicatrizaram tão bem, que apenas quem era sensível é que poderia ver o defeito da dor mal curada nas profundezas dos meus olhos. Feridas interiores, nunca diagnosticadas…
Porquê?
Porque enquanto as meninas da minha idade brincavam com bonecas, eu brincava com crua realidade e escondia-me, sorrindo como se de uma criança normal me tratasse.
Porque enquanto as adolescentes da minha idade viam revistas com jogos sedutores, eu escrevia histórias de fadas e unicórnios, na tentativa de adoçar todas as minhas feridas interiores… barrava docemente o chocolate por cima de um bolo mal feito, imaginado que dele se tratava uma caixinha mágica, onde poderia reinventar histórias… e a minha própria realidade!
 
PatríciAntão

Espera-me!


Espera-me
Eu voltarei
Mas espera-me sem cansar
Mesmo que eu não te fale mais
Espera-me sem pensar.
Um dia eu vou ter contigo
Ou tu vais ver comigo
Hoje não sei porque não estamos juntos
Mas sei que por ti devo esperar.
Espera-me sem perguntas nem certezas
Mas não tenhas dúvidas de que por mim deves esperar.

Não esperes pelo Sol
Não esperes pela Lua cheia
Não esperes pela neve cair.
Eles vão aparacer
E eu vou ser natural como a natureza
E um dia tu vais perceber
Por que deves por mim esperar

...

Jamais compreenderão
Aqueles que jamais esperaram

...

Mas se um dia me quiseres compreender

Então espera-me sem agora me compreenderes

Porque se amboa sobrevivermos a esta espera
Saberemos tu e eu
Porque simplesmente me esperaste
Como ninguém me esperou.

PatríciAntão

Abraço na eternidade...


Tenho medo!
Olho para um cabelo branco,
Sinto as profundezas de uma ruga rasgada
Tenho medo que as minhas rotas se apaguem com o tempo
Tenho medo disso mesmo
Do tempo…
De não ter tempo!

Tenho medo que todos os meus sonhos
Não passem disso mesmo
De sonhos
Imaginação e fantasia
De uma criança
Que cresceu
E não tem mais tempo
 
PatríciAntão

A crise não de dinheiro


Um dia: Fiz a mala... e parti!

 
Nem queria aqui estar, mas o vento soprou-me ao ouvido e segredou-me que estava na hora de partir.
A energia foi mais forte, e não foi apenas o impulso do segredar… O conjunto da totalidade universal obrigou-me fazer as malas e partir. Partir em busca de quê?  Nem eu sabia! Quando meti todos os trapos naquela mala nem eu mesma estava convencida de que isso iria acontecer.
Aquela luz vaga fez a minha cruz mais leve. A minha tensão estava normal, a minha pulsação não estava reagir à realidade. Ainda não me sentia num abismo imaginário, ainda não aceitava a sensação.
Nunca me convenci de que iria partir, nunca soube para o que ia…
Mas, desde que pus os pés neste mundo sempre reagi assim: por impulsividade.
A emoção rasga todos os meus raciocínios, e penso que em todas as marés cada onda tem o seu sentido, porque nada neste mundo é por acaso.
Poderia perceber que toda esta mudança seria um impacto para os que me rodeavam, mas não para mim.
...
 
… Antes de fazer esta mala naveguei em marés muito violentas. O meu barco andava à deriva, sem vela, sem remos, quase afundado! Todas as tempestades fizeram com que já não tivesse mais madeira para remendar aquilo que não tinha emenda.
Todos aqueles gritos no silêncio afinal tinham um sentido. Chegaram aos céus e alguém me ouviu, e fartando-se da minha própria destruição mandou os ventos soprarem-me ao ouvido e obrigarem-me fazer esta mala.
Muito perto de toda a realidade, eu apenas não queria ver aquilo que estava mesmo à minha frente: tinha chegado a hora da mudança.
Precisava não só de atravessar terras, como de ficar por muito tempo ausente daquilo que me tinha tornado longínqua da minha realidade.
A tortura do meu dia-a-dia jamais permitiria reconstrui-me.
Não eram conselhos, não eram cápsulas de químicos, não eram lágrimas ou sorrisos adulterados. Era eu que estava fugir da minha universalidade, e precisava de sair de toda essa realidade.
E os ventos obrigaram-me subir mais alto e ficar mais perto das nuvens para perceber que aquela mala era coisa mais certa que tinha de fazer.
Entre trapos e memórias, entre fotografias da mente, onde iria eu parar? Não sabia… nem sabia o que me esperava, muito menos como iria reagir.
 
Entre medos das pessoas que me eram próximas, dizendo elas que seria o melhor, mas com muito medo de como eu iria reagir.
Telefonavam-me com som de “Será que aguentas esta?” Ficavam quase escandalizados com o meu tom de voz, de indiferença, de adaptação automática, de inicio de uma felicidade estranha e incompreensível.
Afinal secalhar eu mesma não sabia até onde podia ir.
Não precisava de apanhar um avião para peceber isso, mas não fui suficientemente forte para o perceber sem ter de atravessar as terras. As terras que distanciam pessoas, sentimentos, mágoas, memórias. As terras que distanciam o meu “eu” antes da mala feita, e o meu “eu” depois de recomeçar a minha vida bem longe daquilo tudo em que eu me estava a degradar.
Vivia em linhas cruzadas.
Hoje olho para a palma da minha mão e reajo a linhas que escondo, perdidas no meu olhar…
Fiz a mala, e já uns dias que estou aqui… já um meses… não tarda e posso falar “há um ano”…
E sinto ainda que este meu cruzar pode nem passar de um capricho ou de uma minha invenção.  
Mas por que raio devo evitar a mudança?
Se foi isso que me salvou?!
… Fazer a mala!
PatríciAntão

domingo, 17 de março de 2013