segunda-feira, 31 de março de 2014

Tempo


 
Porque o tempo tem direito de me tirar tudo… Eu não posso dizer sim ou não, tenho de aceitar e calar.

Hoje o relógio roubou-me uma hora e eu fiquei olhar para o tempo e fiquei apática…
Apática porque o Inverno roubou-me a alegria da Primavera! Pior que isso… a noite tirou-me os sonhos.
Não quero nem consigo entender como nós nos deixamos roubar…
Pelo tempo, ou pelo cinza da chuva.
Pela má energia de quem encontraste no café…
Deixo-me roubar por um diálogo negativo…
Mas também me deixo levar pelo calor do Sol…
Preciso de brilho do sol, e da gente que também se deixa levar e perde-se no tempo!
PatríciAntão
 

segunda-feira, 24 de março de 2014

Seres Ausentes

Cheira-me a Sol escondido, a estrelas queimadas, a chuva envergonhada.
Cheira-me a pessoas desesperadas, a almas perdidas… cheira-me a corpos escondidos, e a cérebros baralhados.
Cheira-me a amores proibidos, a sabores negados e a aromas abafados.
As pessoas andam de mãos dadas com os medos, e tropeçam nos sonhos negados por seres demasiado ambiciados!
Os olhos abdicam-se de sensibilidade, e os lábios esquecem-se de beijos apaixonados.
As pernas andam pela obrigação da rotina, e os cabelos, esses andam da beleza envergonhados!
O coração bate fraco, e as veias débeis não sentem a corrente da energia da felicidade.
Não existe adrenalina de viver, não existem meios de sentir.
Seres andantes, máquinas funcionantes!
Para que querem vocês serem chamados de seres humanos?
A boca serve para comer, já nem considera saborear.
O coração serve para exercer, o medo para expectar…
 
… E  o sonho? … Esse, já só serve para dormir. Dormir da rotina cansada em que o único abrigo do pesadelo é pensar que os olhos vão-se agora deste dia fechar.
 
PatríciAntão

sexta-feira, 7 de março de 2014

"Nós nunca
nos realizamos.
Somos
 dois abismos - um poço
 fitando o céu."
Fernando Pessoa

Minha Boca


 
Toco no canto da minha boca. Toco com um dedo no bordo da minha boca, desenhando-a como se saísse da minha mão e do meu inconsciente. Como se visse e sentisse a minha mão tocar na minha boca pela primeira vez na vida. Basta agora fechar os meus olhos e desfazer tudo, para fazer a mesma coisa com os meus olhos e com o meu nariz…
Sinto todos os contornos na minha imagem e questiono-me que o tempo passa sem me conhecer.
Não temos tempo para nós mesmos! Aliás… assusta-nos o facto de termos tempo para nós. Para nos olharmos, nos questionarmos, nos procurarmos.
Acordamos nas rotinas das manhãs procurando a nossa felicidade nos outros!
Mas hoje a boca escolhida é a minha, entre todas as bocas. Escolhida por mim, com vontade de me amar, com soberana liberdade…
Não me procuro compreender. Isso é demasiado assustador! Apenas coincidiu quando percebi que tinha uma pequena ferida na boca!
Quero começar-me olhar-me mais de perto, caso contrário lutarei sem vontade.
… Porque não posso lutar pelos outros, sem antes lutar por mim!
PatríciAntão