sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Nem viajando no tempo...

Senti-me pedra morta. Farta da rotina sem esperança, decidi que colocar meus pés numa viagem que supostamente me iria ajudar, sabendo que todo o retiro é para nos encontrarmos, esquecermo-nos das coisas que nos atormentam e até de pessoas que nos provocam náuseas no coração arrisquei…Arrisquei e parti. Partir para esquecer, para recomeçar, para reviver e florescer.Mas…
Mas...
 
Mas há sempre um “mas” no meio das coisas supostamente favoráveis…
Sabendo a teoria, eis que não a consigo praticar. Serei fraca? Teimosa? Ou eu mesma sem conseguir mudar determinados traços?
No ar, onde faço a ponte da mudança suspiro, dizendo: “É agora, vou conseguir!”.
Assim, esqueço passado, presente e futuro por breves momentos. Deixo de ser eu até as portas se fecharem.
Mas…
Mas não tarda muito que o passado se torne novamente o meu maior homónimo.
Rasgo a folha, e reconstruo-a. Queimo-a, mas guardo as cinzas. Guardo os rascunhos e restos sombrios num baú secreto, mas ando com a chave presa ao peito, bem ao lado de algo que bombeia meu sangue, de tal forma a que, se este não for alimentado com o pó que me condena… simplesmente morre!
Quem sabe na chegada não encontre a esperança que até hoje não consegui obter.
Mas nem um outro cheiro, nem uma outra terra ou chuva, nem um outro planeta à minha volta tira a minha cegueira.
Cheiro a terra molhada, a água a correr, luzes ao fundo definindo a cidade… o tudo e o nada faz com que a minha alquimia volte ser a tua criança.
E agora? O que posso eu fazer se nem viajar no espaço me faz mudar todo o meu tempo?!
Encorajo-me para enfrentar a fronteira e o desafio… mas nunca estou só. Nunca estou sem aquelas memórias de uma estrela a brilhar bem longe… bem longe de mim! Mas bem dentro de todo o meu corpo e ser.
É por isso que sempre quis voltar no tempo cada vez que os meus olhos derramaram uma lágrima.
O meu presente é agora um sibaritismo.
Tudo lamento. Até de mim mesma! Por viver neste fedor protoplasmático… de não conseguir esquecer!!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Espelho quebrado

A voz rouca do meu coração
Dita horas de rebeldia
Nunca é o silêncio em vão
Meu corpo nada vale

Minha alma minha moradia!

Água louca do mar
Que me levou nas ondas do teu cabelo
Pensava eu que sabia o que era amar
Logo eu que sonhava com o marinheiro
Era apenas aprender a sê-lo

Espelho quebrado
Palavras perdidas

Meu coração mal-amado
Recordações sentidas…

Ousadia

 
"Ouse, ouse... ouse tudo!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda ... a roubá-la! Ouse...
Ouse tudo!
Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
 Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!"
(Lou Andreas Salomé)

domingo, 12 de agosto de 2012

Escrevi Teu Nome No Vento

Já pensei...

De manto branco, com as gotas de orvalho que abrem a manhã, corro num lugar chamado para sempre.
Pensei então em deixar o teto de casa e caminhar. Caminhar sozinha. Sozinha para me encontrar.
Foi esta a herança que recebi, uma cruz pesada, uma sorte divina, um anjo da guarda e o azar do coração comandar minha mente.
Sorri e refresquei os sonhos entre as gotas da chuva gelada e aí tudo mudou.
Pensei sem sentir e pensei em seguir em frente sem nenhum caminho… apenas sorrindo a cada canto, amaldiçoando meu coração a cada queda minha.
Pensava eu viver iludida por ter esta enorme e exagerada capacidade de sonhar, pensava eu viver desiludida por ter consciência de que sem racionalidade não chegaria a meta alguma. E nesse pensar pensava em tudo, e acabava por não pensar em nada, pois nunca pensava em mim.
Punha tu e outro ele, e todos os outros em primeiro lugar nesse pensamento, e eu que realmente era importante era um simples pensamento ardido e desgastado por não ter tempo nem espaço para em mim pensar.
Descobri algo chamado eu. E não é o mundo que o faz o eu. É cada eu que faz o mundo.
Sonhei sempre caminhar com alguém ao lado. Pois… já pensei… quem não pensa?
Mas o meu coração é como uma árvore verde cortada…
A seiva verde secou e nada mais restou a não ser madeira queimada!
Mas sim, já pensei…

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Baile!


É hora
É hora da chuva de estrelas!
Brindem à vida...
Vistam um vestido comprido...
É hora
Do baile do recomeço
de uma vida nova!
Parem com lamentações e medos...
Não é tarde
E o cansaço é picológico...
Ganhar coragem e mergulhar!
Mergulhar em águas geladas
Dançar entre a neve
Abraçar quem amo
É hora!
Hora de esquecer quem nunca me soube amar.
Chegou a hora do baile
Tocam as doze badaladas
E sem sapatos de cristal
Danço descalça na areia do mar
Brisa salgada
É hora de esquecer as lágrimas
É HORA!!