domingo, 27 de fevereiro de 2011

"O Vendedor de Sonhos - e A Revolução dos Anónimos

“Sou apenas um caminhante
Que perdeu o medo de se perder
Estou seguro de que sou imperfeito
Podem me chamar de louco
Podem zombar das minhas ideias
Não importa!
O que importa é que sou um caminhante
Que vende sonhos para os passantes
Não tenho bússula nem agenda
Não tenho nada, mas tenho tudo
Sou apenas um caminhante
À procura de mim mesmo.”

“O dinheiro compra ansiolíticos, mas não a capacidade de relaxar. Compra bajuladores, mas não os ombros de um amigo. Compra joias, mas não o amor de uma mulher. Compra um quadro de pintura, mas não a capacidade de contemplar. Compra seguros, mas não a habilidade de proteger a emoção. Compra informações, mas não o autoconhecimento. Compra lentes de contacto, mas não a capacidade de ver os sentimentos não expressos. O dinheiro compra um manual de regras para educar quem amamos, mas não compra um manual de vida. […] Quando saímos do útero materno e penetramos no útero social, choramos! Quando saímos do útero social e penetramos no útero de um túmulo, outros choram por nós! Na saída e na entrada da vida, as lágrimas irrigam nossa história.”~
 
Augusto Cury
in "Vendedor de Sonhos"
 
É, na verdade, um bom manual de revolução psiquica.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Efeito Borboleta

    Que silhueta é esta que está parada em frente a um espelho?! Lá fora há um Mundo! Porque está ela em constante narcisismo, se o vento leva tudo?
    Esses detritos que corrompem o coração, essa poeira que tanto cobriu os teus olhos, será agitada pelo vento do tempo, onde empurrará as nuvens negras que ameaçam chuva. O vento leva tudo lá fora. O vento varre tudo cá dentro.
    O que está por detrás da tempestade? Tudo de “lá de fora”… Porque é lá fora que transforma tudo cá dentro.
    Parte o espelho ao observar minuciosamente uns vincos que foram desenhados no rosto de uma abatida silhueta.
    Essa sombra de cinzento ténue que assenta os olhos e essa madeixa branca que te caí não é nada mais que uma mera passagem de tempo.
    Até agora, até este preciso momento nunca pensaste “quanto tempo tenho?”, não tortures a tua massa cinzenta ao questionares-lhe agora “Quanto tempo me resta?”
    Silhueta quieta. Pensa em tudo o que tem para fazer naquela tarde tempestuosa.
    Imagina gestos. Todos os gestos que fará nessa tarde. Movimento de empurrar, de fechar, de levantar, de alcançar. Executa mentalmente cada um dos gestos, como se não pudesse separar o corpo da mente mais profunda…
    Mas a silhueta não se mexe. Angustia-se pela imagem que acabou de gravar, provocando-lhe uma espécie de paralisia. Perplexo, o céu cérebro fornece-lhe uma imagem alternativa: uma borboleta bater as asas!
    Na sua cabeça, a realidade assume a forma de uma embargada teia, onde tudo está ligado a tudo, onde as coisas simples dependem todas umas da outras. Está agora no centro da teia… os fios invisíveis impedem que se mova e não tem qualquer forma de defesa!
    A silhueta desiste. Está agora parada. Imóvel, em frente a pedaços de espelho partido, mal respira.
…Convencido de que o seu corpo em movimento e em sintonia com a mente acabará por destruir o Mundo Lá fora… Destruir o seu Mundo Cá dentro!

Luz Indecisa


Resgata-me deste vaivém!

É loucura desenterrar palavras de um coração fechado…

Era tão mais simples se tivesse um mapa de um futuro próximo.

O vento levanta poeira,

Ouvem-se vozes,

E atrás do Sol do fim da tarde,

Brilha uma luz…

Nos vidros sujos de uma sala só

E o medo é desenhado

Semi-cerrando os olhos

Na inocência

Desta Luz Indecisa

Onde já não memória…

Nem coração

Nem coragem...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

No teu chão


Vou encontrar a tua chave e desenterrá-la!

Vou escavar até às profundezas e procurar tudo o que te pertence.

Esquece os segredos,

Esquece a tua história.
Chegou a hora de escrever um novo capítulo, sem sombras.

Entra por esta porta, não precisas de chave.

Já muito tempo que está aberta.

E só tu não consegues vê-la.

Quantos palmos abaixo do chão se encontra esse tesouro?!

A quantos passos estamos nós do céu?!

Não me vais ver cair novamente.

Fortaleceste-me com o teu esconderijo.

Vou ficar aqui, atrás de ti, escondida entre as paredes.

E agora, se te vir cair, não te amparo.

Deixo-te cair, sentir a dor que eu senti.

Para que te seja permitido ir mais além do chão.

Tudo está nas profundezas…

Aprende a chorar.

Sente a sofrer.

Vê um mundo para além do chão que calcas sem olhar.

O céu dar-te-á o troco desta queda imortal.

Muita coisa vai morrer em ti.

Não comeces guerras com armas só tuas.

Todos os movimentos fizeste até hoje, esfarelaram a minha face.

Veio tudo desaparecer sem deixar traços.

Podes levantar e sorrir, podes sentar e chorar.

Não vás pela ponte, vai pela margem.

A maré não apanhará.

Não olhes para trás.

Estou escondida, entre as paredes, e não te vou amparar…

Não, não te quero ver cair.

É este o modo de conceber as profundezas onde está a tua chave.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Útima Laranja

Já não cabe tanto aroma na minha mente! Todos os cheiros nos levam a alguém, recordando num manto de nostalgia: quão bom é recordar pelo cheiro…

Mesmo assim, navegando contra este prazer deste sentido que se apura quando vem o sentimento pelo perfume de sensações, saboreadas pelo momento de reviver!

É como mirar por uma janela e avistar uma grande árvore, refrescada pelas verdes folhas que evaporam a respiração por uma única laranja.

Consigo saciar a sede apenas pelo aroma a doce laranja. Como tenho eu a certeza que ela é doce se está só? Não será fruto de abandono, pelo seu desprezível paladar que afasta seguramente o prazer dos lábios?

Apesar de encenar com convicção o meu desejo pela laranja, não consigo roubá-la!

Está só: amadurecer na sua própria solidão.

Serei eu incapaz de resistir ao impulso de vê-la mais de perto, fechando a janela do meu próprio passado, para futuramente conseguir descer, e saborear bem próximas, sem lhe tocar, ficando-me pelo inalar do aroma profundo que o fruto proibido me tenta…

É tentação, é desejo, é paixão que se vai transformando em amor. É como um fio de” Nylon” à volta do pescoço…

Quero a laranja!! Mas a árvore não me perdoará! (Calma… se nela eternamente permanecer, apodrecerá!)

Mas aconteça o que acontecer, tu serás sempre a última. A mais doce e sumenta laranja. Terás tu a última palavra, e eu entenderei…

Está na hora, um último olhar, chegou a hora de pela última vez te inalar…. Aroma a laranja… a tua consumação pelo Tempo: afinal a derradeira, sem palavras nem companhia, apenas difundindo agrado por quem só te vê.

Com todo o peso da tua vida, é hora de dar o golpe de misericórdia: caíres…

… não no chão, mas sim na minha mão!

E agora? Olho-te com medo.

Deixaste de ser fruto proibido e não te posso devolver.

Não te julgues vítima do meu desejo.

Foi o céu que te largou das tuas folhas, e ofereceu-me a mim.

E agora?

Agora está na hora de transfomar prazer em amor…

Como eu amo, esta laranja doce e só, que agora é minha e pertence a ambas: a mim e ela, louca só nossa  esta incompreendida solidão...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A Morte do Artista

Cada passo, cada hora, cada momento. Concentra-te neste manto de cores que irão ser transformadas numa imagem. Imagem tua, que só tu lhe consegues dar vida pela arte. Pinta, sentindo a poesia com cores, e transparece num momento de raiva magoando o papel…

Que te fez ele para ser objecto da tua mente?! Rasga-o se conseguires, mas não publiques toda esta dor só tua. Capta agora a imagem de gaivotas sobrevoar a fina areia de uma praia deserta onde já houve amor.

Não penses que estás ser criativo, muito menos original. Quem nunca desenhou uma árvore, obrigado como desenvolvimento de criança que todos nós fomos?! Quem nunca chorou às escondidas ao ler um poema de amor?!

Pára de fingir que não és artista e que todos esses olhares são a raiva constante do que te crava nessa tela interior.

Afinal tu és aquele de quem tu tanto falas. Quando passo à tua frente na rua tu nem me olhas. Porquê? Porque estás prestes a captar uma nova imagem, vítima à tua arte!

Só vais levar da tua arte tudo aquilo que mereces, porque já não há heróis, sobredotados ou mágicos sem ser conspurcados. Mas sim, ainda existem artistas, que só não o são porque não admitem que acreditam numa outra forma de poesia, num outro tipo de talento transformado em arte.

Bem-vindo ao mundo do imaginário! Mas cuidado, nem tudo o que parece é: o sono não são sonhos, adormecer não é descansar. A arte não é amena… na arte não há sonhos, há poesia por se terem vivido pesadelos. A única tatuagem é a que te rompe o coração, e acredita que gostava, mas ninguém pode mudar o alento de um artista.

Se ao menos pudesses explicar o que são os teus rabiscos ou amontoado de cores. Mas não expliques… cada palavra de poesia é explicada somente por cada um dos olhos que a lê.

São assim os artistas puros, sem ideias feitas. Com teorias escorridas sobre coisas da vida perfeitas. Não procures a perfeição, o artista será eternamente imperfeito. Em enredos enfadonhos, dá-se por ele “pensar”, mas pensamentos para o artista serão perpetuamente sonhos.

Estás condenado a uma missão de vida: os actores corrigem-te, mas não sabem que quando andas na rua, falas com as pedras da calçada, e são os bancos vazios de gente que te inspiram.

Pensa um bocado: arriscas dar uma resposta para tudo, acabando por achar ainda mais questões. Ganhas o jogo muito antes do fim, e a vida que te inspira são rimas de linhas que todos assimilam como loucura.

Mas ser artista é mesmo isso: ter coragem de ser genuinamente louco.

Tens o poder nas tuas mãos, mas surgem telas ou cadernos num guardanapo do café. A esplanada é a única companhia... e isso basta entre uma andante multidão.

Há quem diga que procuras drama ou amor, podes-te achar contador de histórias ou revelador de memórias. Por vezes inglórias, quase sempre notórias: és aluno e professor. Nem melhor, nem pior.

És tu: o artista, paciente e doutor, curas assim a tua própria dor. Com muito ódio, dando e revelando concórdia e amor.

Podes até ser julgado por não teres moral, porque presunção e soberba só ficam mal! Podes até saber muito bem do que falas, mas acomodas-te ao silêncio para evitar a sentença final.

Na tua mente és consciente, ciente, irreverente, mas politicamente, isso será mesmo activo, ou é apenas delírio da tua mente?!

É bom a inspiração de uma música, mas acusam-te de plágio por seres sensível ao que apenas tocou o que já estava lá dentro.

Podes usar roupa debotada porque te apetece, e acharem que te queres é mostrar um ser socialmente diferente. O problema é mesmo esse: as críticas por nem sequer teres um ideal e o teu mundo ser tudo, menos real. Desamparas a loja porque tens mais que fazer, sentes que não vales a ponta de nada, e descobres novos rótulos para “gente”.

Escondido num quarto, dás numa de duro. Mas eu sei que pesado não és tu. Porquê? Porque és artista. Durante toda a tua vida vão-te enrolar na tua arte e talento, e rebentarem-te como um canhão. Porque para toda a acção formal, serás sempre pobre, e consequência da tua própria frágil reacção.

Quando um dia te encontrarem realmente, vão conseguir falar de homem para homem. Ou de artista para homem que busca a verdadeira arte.

Não acertas em nada ao escuro, nem fazes ideia do que seja drama a sério.

Pinta apenas com as cores que são só tuas, esses rabiscos parvos aos olhos dos outros.

Porque sim, és mesmo artista.

E o verdadeiro artista armado em purista será sempre punido…

E a hora da sentença será sempre “A morte do Artista!”

Up

Um filme vinculado à ideia do desapego, retrata sobretudo uma lição de viver.

Vida, União, Morte, Aventura, Companheirismo, Desilusão, Aprendizagem, Velhice, Criança, Sonho, Concretização, Luta!

..."Porque para voar é preciso abrir a mão!"
Up

Letters to Juliet

"Cartas para Julieta"

" - Já se passaram 50 anos. É tarde demais.
-Para o amor, nunca é tarde demais!"

(Cartas Para Julieta)


Um filme muito envolvente que diferencia a paixão do amor.
E sobretudo faz acreditar que afinal o amor existe...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Conheci alguém...


Sem meias palavras, meus olhos cruzam-se com um baú velho da cor de memórias, com ferrugem de pensamentos!

Sem magia o que seria da Vida? O que seria de nós se ao fim de algum tempo de existência não fossemos algo semelhante a um baú? Com segredos escondidos, tesouros procurados e memórias enterradas.

Baú soa a magia… tal como quando estamos prestes conhecer alguém que nos transmite mistério: uma pessoa como um todo, com raízes vindouras de um baú de uma vida passada. Tal como eu e tu… tal como uma outra qualquer pessoa que desfrute de insubstancialidade.

Palavra puxa palavra, observamos gestos e achamo-nos psicólogos de uma nova realidade, esquecendo-nos que existem estratégias e formas de defesa naquilo que transmitimos a alguém que obviamente queremos agradar ou se determinada forma conquistar pela “primeira impressão”: essa que ninguém apaga, que fica sejam quais forem os marcos futuros. É ela a base de sustento de quando se começa conhecer alguém… ou não!

Pouco, mas com muito publico disfarces para prever afeições e reacções da outra parte. O problema não é quando se está conhecer uma pessoa. A dificuldade advém quando temos a percepção de quando já não conhecemos uma pessoa, que achamos que durante toda a vida a conhecíamos mais do que a nós próprios.

Durante o relacionamento com uma pessoa há bilhetes que pairam no ar e que nunca os chegamos apanhar. Voam de forma leve, por cima da nossa consciência, e eficazes na forma como enganam o coração!

Conhecer alguém é como aquelas histórias que nos contam antes de dormir, nunca chegamos ouvir o fim (porque adormecemos) mas supomos que é um final feliz…

Não basta gritar de cima de um telhado o que determinada pessoa é para nós. É necessário falar bem baixinho, para nós mesmos, e interiorizar se vale mesmo a pena essa pessoa pertencer à nossa vida, pertencendo-nos. Isto porque quando se descobrem as verdadeiras razões já é tarde e aí, não é só ela que parte: vai, arrancando um pedacinho nosso, que jamais se voltará reconstruir.

Os gostos sociais partem em “gostar de conhecer gente nova” e com espírito renovado, que nos façam sentir bem. Mas não deve ser criticado aquele típico “anti-social” que parte e reparte, seleccionando as pessoas a quem se dá e as que recebe…

É impossível num grupo ser amado por todos e amar-se a todos. Não somos Deus. E muito menos fúteis ao ponto de utilizar máscaras e falsidade de consquista. Eu não acredito que por muito “boa gente” que seja alguém possa agradar a todos… porque nem todos querem ser agradados. Muito menos “todos” aceitam ser conquistados”.
E a conquista não é gostar das virtudes, é sim saber aceitar os defeitos, aprendendo gostar deles mais que as virtudes!
Tu até podes ser um anjo, mas vais ser sempre contestado, nem que só seja por seres bom de mais. Porque ser bom de mais também é mau…

Isto são simples irrealidades ocultas do dia a dia social. Eu cruzo-me com um colega e digo sorrindo: “bom dia”, eu afasto-me fisicamente de um amigo durante anos a fim, não falo, mas um dia há o reencontro e a necessidade de um abraço.

Não se refere ao sentimento de satisfação pessoal nem à boa aceitação social. Refere-se a SER ou NÃO SER…

“És Tu”… “Fecho os olhos e tenho-te a meu lado!” Sentir… e ter realmente. “Ninguém é de ninguém” e uma vida é pouco para conhecer alguém que temos a nosso lado.

Momentos de pressão e sensibilidade podem fazer-nos dar pistas. Mas estas podem também ser falsas ou realidades opostas.

Iremos estar sempre presos a “conhecer” ou “prever” alguém. Porque eu sei de muitas pessoas consideradas previsíveis e elas surpreendem-me ao ponto de me convencerem de que afinal não as conheço… nem minimamente!

Podemos deixar soltar o nosso instinto a cada pessoa que se cruza no nosso caminho, prevendo ou não os votos de confiança. Mas cuidado… cuidado quando se diz”Conheço muito bem essa pessoa!” ou “Ponho as minhas mãos no fogo por ela”… porque quando menos esperamos a chama da surpresa e desilusão envolve-nos de forma a não deixar mais vida em nós dessa pessoa, arrancando o tão pedacinho de nós… que jamais voltará!

Confiar e conhecer…
Conhecerei alguém, quando confiarei 99% em mim mesma

Avó´s deste "Mundo"


Um dia tive um avô.

Um avô que raramente sorria, porque vivia por lutar.

O avô que punha as calosas mãos que não queimavam quando as punha dentro da chama da lareira.

Um avô que me ensinava.

Era ele que me fazia acordar cedo...Foi com ele que vi o primeiro nascer do Sol!

Era ele que me fazia olhar para o céu ao fim do dia.

Foi ele que me ensinou diferenciar as fases da Lua.

Com ele soube distinguir a diferença entre um Lobo e um Cão.

Com ele aprendi suportar o cansaço de uma caminhada com o poder da mente quando o corpo não suportava mais…

O meu avô era um homem com rugas.

Era um "idoso" quando sonhava a meu lado… e me fazia sonhar!

Era apenas velho quando dormia, e eu olhava para ele e dizia: “porque não sorri mais o avô?!”

Era apenas uma criança, com uma vida à frente, que aprendeu coisas raras da Vida com ele…

Ele aprendia e ensinava.

Não o demonstrava mas amava!

O dia de hoje era sempre o primeiro do resto da sua vida e ensinava os outros que o amanhã nunca seria o último da jornada. No calendário dele não havia cruzes, apenas amanhãs…

Vivia de forma produtiva e produzia vida a quem o rodeava.

Era ele a minha ponte entre o passado e o presente e me fazia encontrar o futuro.

Renova cada dia que começava, e fazia-me pôr os olhos no horizonte de onde o Sol desponta e a esperança me iluminou!
Nunca teve tempo para horas vazias na sua vida, tudo se ia arrastando pelo Tempo destituídas de sentido!

Até as rugas que lhe cravavam o rosto eram bonitas, porque foram marcadas pelo seu sorriso de uma Vida…

“Eu tive um avô”… e “um dia” ele agarrou-me naquelas mãos ásperas que me amaciava a alma e disse-me: “tira-me daqui!”…

Fui embora, chorar porque como criança que era nada podia fazer.

Foi a última vez que vi “o meu avô”.

Quantos avós existem no nosso Mundo precisar de “tirem-me daqui”?

Eu ainda tenho três, e mais um, que não é bem meu avô mas que tem rugas como ele, e mais outro que está só no banco de jardim e precisa da minha mão… e outro que está só numa casa fechada, e outro que de pantufas espera pelo fim dos seus dias…

Não, não são velhos, não são fardos, são idosos deste Mundo, avós do nosso coração…

Um dia nós vamos olhar o espelho e as rugas serão idênticas… e a Solidão?!

Quem nos dará a mão?!

Vamos hoje dar-lhe uma mão?! E tirá-los “dali”… Porque ainda têm Vida pela frente… para Viver, para Sorrir!

… mais uma ruga no rosto!

Fazer sorrir faz sorrir.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

The Life Before Her Eyes – Sem Medo de Morrer


Um filme com várias interpretações, onde o início se entende no fim. Mas o fim nem sequer existe. Várias interpretações desta realidade que cada um de nós vê a Morte ou o intervalo entre ela: a VIDA!

Amizade, aventura, amor, paixão, crescimento, filosofia, perda, união, saudade, religião, violência, coragem, e sobretudo CONSCIÊNCIA!!

...Adorei!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sentir pela Metade?!


Que é isto de viver às prestações?

Algo que nasce hoje, e morre amanhã.

Algo que está começar, e nunca sei quando irá acabar.

Não sei sequer se acaba ou recomeça.

Como se um gato preto miasse

E de seguida todo o sentimento transformasse.

Hoje amo-te

Amanhã não te conheço.

Hoje são estrelas

Amanhã nuvens negras.

Para que me deixas de ver

Se nunca te deste ao trabalho de me dares a conhecer?!

Quem eu sou tu não sabes

Mas exiges que fale de ti

Como se eu soubesse

Deste nosso diário parvo

Sem qualquer tese!

Vives tu pela metade?

Tudo ou apenas eu?!

Depois de tanto tempo que se passou

Prestações de Felicidade continuam

E nós permitimos tudo isto.

Desrespeitando a minha filosofia de vida!

Parece-me mentira

Não me acomodo,

Mas acostumo-me…

E lembro-me de ti, como se o primeiro beijo tivesse sido ontem

E hoje será então o último…

A vida deve continuar

E a minha tem mesmo de mudar!

Sem ti não será a mesma coisa

Contigo será apenas pela metade…

Viver pela metade?

Sentir pela metade?

Serás já tu a minha metade?!

Tudo vai passando

Mas há saídas que não se encontram sem ti.

E aqui continuei eu

Esperando por ti

Para te sentir bater no meu peito

No mesmo lugar

Numa louca solidão

De amantes distantes

Nesta estúpida sensação

Já passamos horas a falar

Passamos meses sem nos olhar

Não é nada de mais

Mas viver-te pela metade

É como respirar só com um pulmão

E não…

Não suporto nem mais um dia.

Viver pela metade

Sentir pela metade

Amando-te como se tivesse a certeza

Que a outra metade

Nunca chegará!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Silhueta


Tenho um mundo cheio de cor,

Mas insisto em viver no mundo ao lado,

Que apesar de sobrecarregar as imagens com cor,

Repito constantemente carregar os contornos com este lápis negro.

Um lápis que entre folhas brancas corre sem cessar

E acaba por cansar destes rabiscos que nunca passaram de rascunhos.

Rascunhos de uma vida numa folha em branco.

A ponta quando esgotada é afiada, reduzindo as arestas de novas imagens.

Mas que imagens são essas?!

A conquista de uma imagem não se faz consoante a cor que já nos é por ela apresentada.

A cor com que vemos as coisas e os outros.

A questão é saber se os outros estão dispostos

A ser conquistados por nós, transmitindo-nos a verdadeira cor!



Hoje é o dia, o dia de uma grande introspecção!

Vou pegar numa folha em branco.

Vou desenhar uma silhueta.

Simples silhueta em contorno de um cansado e velho lápis.

Mas uma nova silhueta da minha vida!

Não importa a figura.

Baixa ou alta.

Magra ou gorda.

Recorto agora os cabelos longos que lhe pintei de negro.

Com cuidado para não errar,

Quero agora uma estrutura!

Forte?!

Uma estrutura leve e frágil…

Preciso de muito cuidado.

Baseando-me na simplicidade.

Guiando-me apenas pela instantânea imaginação.

O meu objectivo é pô-lo a caminhar.

Coloco agora bem dentro

Um vermelho coração.

E ponho-o na Vida a caminhar…

Qual o seu destino?

Qual a sua cor?

O Sol bate nas roupas e obrigada os olhos semi-serrarem-se.

Pego agora na sua beleza simples e rara.

E a leve silhueta transforma-se de fino arame em ferro.

Pensa em si mesmo

E não tem um mundo ainda.

Apenas uma folha de papel

Branca e vazia

Com o Sol irradiar!

Mas já se alimenta…

Alimenta-se de sonhos

E o futuro está já dourado

Somente dirige o seu corpo

Por caminhos coloridos

O meu boneco de papel?

Uma silhueta caminhante

Em busca de Sol e Sonhos

Os meus sonhos estão nos braços dele

Não importa quão escuro seja o carvão desse lápis

Que contorna os céus

E apaga a luz do Sol

Nada assusta as minhas asas brancas

Que agora me fazem voar

Pode escolher perder-se

Ou até balançar

Pode mudar de nome

Ou de contornos de silhueta mudar

Minha silhueta de papel…

Onde escondes tu essas cores

Que a falta de Sol não te permite

Por ti só brilhar?!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011