domingo, 30 de janeiro de 2011

Oferece-me...


Oferece-me sonhos

Oferece-me um beijo

Oferece-me um olhar

Oferece-me sensação

Oferece-me um abraço.

Oferece-me liberdade

Oferece-me paixão

Oferece-me embaraço

Oferece-me amor

Oferece-me nada

Em troca de tudo.

Oferece-me Vida.

Devolve-me o “ser eu mesma”

Por tudo o que até hoje te ofereci…

Aprendizagem


Tenho de largar a mão, para conseguir sair de pé. Será que sou teu anjo e tu não vês que a parte que temes não existe em mim?!
Procura a parte quente do que vês… Quem é ele para falar de ti, se nem tu mesmo sabes quem és?! Quem é ela para falar do outro, quando ela não se conhece e foge a isso mesmo, falando do que pensa conhecer?!
Quem sou eu para falar de ti se nada sei de mim?!
Quem é quem para falar do que é certo ou errado, se deve ou não ser assim?! Politicas sociais… Julgamentos irreais!
Quem pode falar de mim ou por mim?!
Só eu sei o que sinto e as sensações que acompanharam a minha vida.
Não sou capaz de elaborar o que sinto. Sinto tudo à flor da pele, arrepiando-me quando penso nos meus sonhos. Busco, luto e invisto à minha maneira, e não suporto quando me impõem limites de apenas “querer pensar por mim!”.

Ser… eis a questão.

Quando nas caminhadas, a dor nos visita a cada um de nós, acalenta os medos e as dúvidas. Mas não nos pode fracassar. Será que não há dores que nos aparecem para socorrer?!
A dor de ter capacidade de compreender e conseguir viver num mundo tão (in)compreensível, óbvio e ao mesmo tempo tenebroso, indecifrável, gigante, misterioso… e cruel! Muito cruel.
E o facto é que o mundo é cruel para os bons e mais fracos. Porquê? Eis a conclusão de que nesses casos a dor nos visita para socorrer.
Abate-nos, para conseguirmos de seguida arranjar energia de forma a que a adrenalina nos invada o corpo para se conseguir  sobreviver e aprender uma nova forma mais atenta de viver!

Quem consegue amar-se nesses momentos, quando tomamos consciência de que para amar, é preciso amar-se?!

Existe uma reserva dentro de nós: uma essência divina que coabita nas profundezas de cada um de nós: há quem lhe chame espírito ou até mesmo anjo da guarda. É aquela força que mesmo quando nos sentimos dobrados, não quebramos. Contorcemos as veias até ferir o coração, mas não quebramos…
Há uma energia maior em nós que não nos deixa atingir o vital com a dor. Há uma luz que nos impulsiona os olhos a seguir. E não nos deixa dormir, apenas para conseguirmos enfrentar a realidade… seja ela qual for!
Não é de um jeito qualquer que a nossa mente actua. Ela protege-nos desta dor que às vezes achamos que nos mata aos poucos…
Procuramos então aprender com as experiências, não só do presente, mas essencialmente com o passado, chamando-lhes de “memórias”! Mas não são apenas memórias… é Aprendizagem…

Aprendizagem de suportar… ensinada pela Dor!
Com singularidade, o brilho da verdade transmite-nos paz… é esta verdade, e ciência de consciência tranquila que nos torna seres únicos.
É duro pagar por um erro não cometido, mas se estivermos de consciência tranquila a nossa mente irá encontrar as provas da verdade…
Não existe uma linha recta, não há modelos nem rótulos, mas essa força omnipotente que cada um de nós possui, faz com que a liberdade tenha sempre inicio no coração. Só assim se consegue sentir descarregar em cada pôro da pele, sentindo-nos a sensação de vitória após a invasão de dor.

O que realmente importa é a luz que vem de cada um de nós.

Ela brilha nos nossos olhos, e só ela aliada à inteligência e à experiência nos eleva esta sabedoria de ultrapassar momentos de dor.

A sabedoria pode estar em tudo. Dar a mão, vencer a maré, soprar contra ventos, sorrir quando apetece chorar, erguer a cabeça quando esta pesa toneladas, seguir caminhos quando nos oferecem obstáculos.

Haverá sempre alimento para o nosso sangue enquanto não deixarmos apagar essa luz. A essa chama chama-me fé ou esperança. Pode ser força ou forma de sobrevivência…

A transformação de cada um de nós não vem do planeta. Nós temos sim, a tendência para transformar este planeta, simplesmente por não nos darmos ao trabalho de nos conhecermos a nós mesmos.
É de dentro que vomitamos o ódio e a ganância. É de dentro que sentimos o espelho da vaidade apenas pelo que os olhos vêm.

A diferença privilegiada, é o nosso crescimento, olhando-nos por dentro. Dividirmo-nos sem peças e transformar cada acto do dia-a-dia como algo que somos.

Parece uma grande ilusão. Mas não é!!

O movimento do que somos é holístico. Tudo está lá dentro. Incluindo as acções que só os outros vêm e nós não sentimos.

Temos de nos polir constantemente. Nunca quebrar arestas, porque ninguém muda porque lhe apetece ser melhor ou pior. Basta olhar para as acções ao fim do dia, e compreender-nos holisticamente e não justificando os nossos actos pelo poder da sociedade.

Temos milhões de potencialidades escondidas, mas também existe muita miséria dentro de nós.

Temos de aprender a simplicidade voluntária de nos conhecer para poder limar.

Livres e serenos, levando sempre connosco a luz… a luz que todos nós temos. Tenha sido ela oferecida por quem quer que fosse!

Cada um de nós, tem a potencialidade de ser a gota de água de um oceano. E não podemos ver o oceano como um acumulado de gotas. Cada gota é única, porque não somos um aglomerado de gente.

Se somos gente, façamo-nos gente, olhando-nos e deixando-nos de olhar para os outros como “outra gente”!

E isto só se consegue com a aprendizagem que a dor nos fornece… nunca deixando apagar a luz!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Equilíbrio?!


É esta a dúvida que me resta: que papel é o meu?!

Podia arranjar motivos a meu gosto, mas foge-me a razão. Passa por mim, mas não pára e cai completamente ao contrário. É possível Ser e Não Ser?

A intermitência vaga da ponderabilidade assusta-me os ouvidos e pára-me o coração.

Palpita-me que isto é pânico: é uma faca que me desata a língua e me trava o coração. Uma arma que me faz fechar a boca para não me ouvir a mim mesma.

Quero pensamentos em branco. Cerrar os dentes e engolir as palavras que teimam em escorrer-me nos olhos! Mas não vou cair na debilidade de me escoar neles, vou nadar nessa maré salgada e gelar todo esse espaço.

Petrificada agora na minha consciência salgada que me cobre o rosto, na pele do meu tempo, fico estátua, sem querer acreditar que me passaste as mãos um dia transformado em abraço. Prendo-as ficticiamente com arames que agora me rasgam os pulsos.

Sinto essa cruz de veneno sobre os meus ossos débeis e que me colocam num estado de desequilíbrio precário.

Se ao menos a livre leve brisa me tocasse sem quebrar…

Mas se não me toca perco-me!

Perdida, em (des)iquilibrio

Atalhos


Adeus amor

Adeus saudade.

Adeus antónimos de Amizade!


Sofre-se com pudor.

Por estes atalhos

Mal concertados…

Se eu olhar para trás

Vejo somente a minha estrada:

Curvas e caminhos

Por onde me perdi…

E onde tudo achei,

Sendo o meu maior presente

A oportunidade de poder caminhar!


Correr descalça e desenvolver calo,

Sentir nos pés a sensação da caminhada.

Entre picos e frias pedras,

Parei!

Paragem com tempo,

Para rosas vermelhas colher…


Foi este o caminho que muito me ofereceu

Ou quem soube ao menos

Tudo de um pouco mostrar-me

Imensidão de obstáculos e desafios,

Foi somente ele,

Quem me deu o  que tinha eu escrito na mão!

Não, não escreveu por mim

Mas ajudou-me descobrir

Letra que não possuía

No meu abecedário…

Deste caminho e atalhos

Levo para sempre

Tudo no meio peito.

 
Irrigou-me de crescimento

Apoderou-me de amadurecimento…

Faz-me cantar

E a não ter medo

De pelo amor chorar

Seja qual for o atalho

A que este caminho me levar…


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Misturar... Triturar!


Pintar com cores,
Tapar com o negro.

Acreditar que tudo está nas mãos do Céu.
Sentir o Céu nas mãos!

Sentir o Rei na barriga,
Ter barriga vazia de tudo.

Pensar no que não devo,
Errar por não pensar.

Segurar nas mãos com medo,
Ter medo de tanto voar.

Sorrir, chorando lágrimas de tristeza,
Chorar de tanto rir.

Dormir sem sonhar,
Sonhar sem dormir.


Fórmulas certas?

Não quero acertar,
Não quero ter medo de errar!

Viver e Amar: venenos lentos e bruscos!

Não sei amar pela metade,
Mas com estes medos
Nunca conseguirei viver por inteiro!

Sim, sei!

Que tenho delírios loucos de pensamentos inatos….

Tudo pelo apetite voraz de sonhar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Filme Alugado


Momentos da Vida, em que tudo parece um filme alugado.

Daquele o qual só nos pertence por breves momentos.
E depois chega a hora da entrega.
Ele parte e vai de mão em mão.
Em busca de personagens espectadoras.

 
Filme que não é de ninguém.
Mas pertence a todos.
“É como se fosse só meu!”
Sente cada coração dos olhos que o contemplou.
Cada um como ancião do filme.
Quando ele é que é dono de toda esta manipulação.

 
O ancião na cadeira de balanço.
Da rua surgem aos seus ouvidos os sons da realidade.
Como se algo chama-se o ancião para a verdade.

 
Como pode ele esquecer os momentos?
Momentos da rua: de quando entrava nesses quesitos
E inquiria as pessoas sobre a visão das coisas
E sobre os pedaços da rua.
Os pedaços do seu Mundo.
A realidade, sem ficção do filme!

 
Estará o ancião inverter o próprio filme?
Passa as mãos pelos cabelos.
E nota então que está pensar em si mesmo.
Pensar….
Escolher!

 
A escolha entre a realidade da rua.
Pensando no filme que o prende entre quatro paredes.
E de repente algo começa partir dentro dele.
Parecia que o sangue,
O liquido que lhe corre o corpo,
A realidade de quem é
A ficção do que se está prestes a tornar!

 
Sem se aperceber começa caminhar…
Andou, até o mar encontrar.
Eram cheiros e imagens,
Eram pessoas e vidas.
Era tudo dele.
Pelo mundo fora…
Caminhou…
Sem se perder não teve noção de onde chegou.
Adolescentes a dançar.
Bebés a soluçar.
Belas faces e atléticos corpos…
Gritos de mestres a ensinar.
Armadilhas que fizeram constelações
Brilhos que cegaram…
Escureceu, e a janela por si só cerrou!
Alcançou os próprios braços
E a ele mesmo se abraçou
Chegou até os seus pés agasalhados em grossas meias de algodão…

 
Descobriu que o filme a passar era apenas a sua vida.
Ninguém mais ali na sala para assistir a esse filme com ele.
Estava só

Ouvindo as vozes da rua chamá-lo!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Conta-me a tua verdade


Não é desespero.

É um direito.

Conta-me a verdade.

Quem tu és.

Quem elas são.

Quem eu para ti sou e fui.

Descreve-me a cor da tua sombra

Partilha os fragmentos do teu passado.

Eu sei que não foges por medo.

Eu sinto, que estás ali, num lugar bem perto das estrelas.

Mas há uma nuvem.

Não é mentira.

Talvez segredo.

Partilha comigo.

Conta-me com seriedade…

Um dia destes.

Quando tu quiseres.

Quando ambos conseguirmos.

Eu conto-te também a minha verdade.

Talvez a mesma ou semelhante.

Espelhos partidos.

Nunca em vão.

São amarras só nossas.

Sem cordas

Mas que nos prendem.

Não me escondas mais tudo o que te atormenta.

Não te escondas

Conta-me apenas a tua verdade…

Só a mim!

...por Ti

Uma forma de viver


Cerrar os olhos de forma amena não é morrer.

Morrer não é o momento que o coração pára e que o cérebro já não pensa.

Há muitas formas de morrer diariamente.

Matamo-nos aos poucos, sem envelhecimento.

A vida nada nos ensina.

Na verdade, no viver só se aprende a morrer.

Podemos não escolher o sítio e a forma.

Mas procuramos a noite que tem sempre fim!

Ampliamos caminhos, para seguir sempre a mesma certeza.

Choramos, quando para o outro que já foi tudo terminou.

Mas continuamos apenas a nossa vida de existência sem vida!

Quem chama por mim?!

Ainda procuro por quem partiu e eu ainda não esqueci.

Acordo apenas em nome de um sonho de reencontro.

Um sinal de ti… esperando a noite, procurando-me viva sem vida!

Espero em vão, entre todos os sinais perdidos.

Quem já não volta, que nos lembra uma canção.

Tempo e sorriso que já não volta…

Irei um dia ver-te de novo!?

Custa-me entender e estas respostas absurdas que demorei a encontrar!

Agora vou-me acomodar à Vida, tentando nunca me sentido morta.

Achando que é algo do destino,

Uma margem entre nós, meramente torta!

Na morte de viver entendo se o teu mundo existe.

Porque na verdade, vive-se para a vida de morrer…

O meu poema


Quero actualizar um poema. Não quero falar de amor, muito menos de angústia. Não quero escrever em liberdade, nem rimar presa a memórias. Não quero rimar, não quero sofrer nem conseguir amar. Quero apenas tudo num verso, sem cheiros nem lágrimas, sem letras nem imagens. Em branco não se vive em paz, mas no negro dos sentidos, quero apenas actualizar o meu poema. A minha forma de viver, escrevendo no céu, iluminada pelas estrelas…

Porque fazes tu um poema se é a permanência na Vida a tua musa?

Ouvir uma música é como fazer uma viagem em redor de mim, como se aquele arrepio de nostalgia me desse um empurrão para me levantar, deixar cair a caneta e o papel e viver sem poema!
Parece que vivo nesta constância baseada num fixo título de “A Bela sonhadora e o Poema!”.
Mas hoje fartei-me dele, não o quero apagar apenas porque faz parte de mim… quero actualizar o poema!

Sento-me em volta da fogueira, e rio-me para mim mesma dos devaneios dos velhos contadores de “A Vida é Bela”, quando eu percorro esta estrada há 23 anos e sei que não encontro a felicidade em cada curva. Velhos contadores de histórias, não deixam de ter razão nos provérbios de cada sentir e pensar. Mas neste momento tenho de agir, tenho de achar outras palavras e modernizar a tinta de sangue e lágrimas para uma outra produção de poema…

Sou grande e fraca, mas pequena sonhadora em Lagos Azuis. Oh não! Já estou eu novamente com cenário de poema!

Quero gritar, quero transformar e triturar estas velhas folhas de papel que me perseguem…Porque a Vida é muito para ser contada, é pouco para ser sentida num só poema.
Quem tem esta capacidade de ser poeta?!
Histórias que nos contam, palavras que passamos já é qualquer coisa?!

Esta constância selvagem da necessidade de desabafo em forma de poesia faz com que o presente tenha mais encanto, porque cada descarga de energia liberta-me para uma nova vivência.

Ao passo e descompasso das palavras, invento histórias com esfinges sem segredos! Já usufruí de muitos critérios, mas no meu mundo, as palavras do meu poema serão apenas compreendidas e gozadas pelos sensíveis à cor do negro, e à vida dos sonhos.
Sou feita de tecido das minhas palavras, e gostava de falar em forma de poema.
Subir á janela, estender tranças de cabelo, e de seguida conseguir por certo, escrever uma linda carta de amor!

São irrealidades ocultas, com que eu aprendo a viver, mas afirmo a minha alma ficar insatisfeita. Tudo  isto por não conseguir criar uma forma de falar em poema!

Refugio-me então no grito do meu silencio, e de repente o meu sorriso desequilibra-se e no dissabor dos meus sentidos, insignificantes para muitos ou quase todos, mas que escrevendo nem que seja só para mim mesma, tudo entra nos eixos!

Vivo diariamente em intermitências, porque a vida é mesmo assim: ou tudo, ou nada.

Compreender o que é incómodo, não é caminhar em sentido contrário. É acordar e não conseguir sonhar, de forma a não ter capacidade para escrever um poema.

Ouço palpitares de corações mortos, e no limite das palavras encontro um novo mundo.

Para mim, continuar assim é ter saúde. "Sonhos de uma menina"? A minha vida não tem um título.

Perco-me num olhar sedutor, neste estranho mundo negro. E de mãos dadas com o brilho do Natural, marco um encontro com o Céu.

A arte não começa nem termina. Arte não é desenhar. Arte é conseguir olhar a Lua! É ela, que não é de ninguém, mas que se encontra em cada um de nós apenas pela magia das palavras que ela nos transmite: tudo pelos momentos que nos proporciona.
É aqui onde quero chegar: à tal actualização do meu poema.
A pura das loucuras é olharmo-nos e perceber que a nossa sombra é uma miragem.
A vida pode ser pintada em Rosa Choque, e ser admirável demência ler romances, reconhecendo que faz mal acreditar no amor escrito em poema.
Tudo é medido em gramas, apenas mais uma de amor?!

Há quem chame a isto um monte de palavras, mas apetece-me e pronto!!

Posso passar um ano estudar Anatomia Humana, mas não é conhecendo a bomba de um Homem, que eu compreendo o sangue que lhe corre lá dentro.
E isso não é uma questão de bioquímica, é uma resposta às palavras pelo sentimentos que adquirimos ao longo da vida, pela forma como interpretamos sentimentos e da intensidade como os vivemos.
Isto sim, é Arte… conceber uma nova cor na Vida!

O destino pode-nos dar asas, mas é a nossa ausência ou presença na vontade que temos para viver que nos faz voar.

Um barraco de ideias: onde se vendem poemas?!

Caminha-se sobre os pingos da chuva, senta-se numa esplanada e achamos absurdo socialmente beber chá com tremoços.
Mas vamos ao Teatro Contemporal e não nos admiramos por gritos que afinal não são loucura, mas sim representação. O que é isto onde estamos senão um palco? O que nos somos? Máscaras andantes, num desfile que tem sempre o mesmo fim para todos, seja qual for a expressão da pintura nelas contida.
Comemos chocolate cor de menta, e não o digerimos com sabor, porque assumimos um simples compromisso com o acaso social!

Aprendemos a ler e escrever, mas não nos inspiramos nas curvas da palavra.

De olho na vida, o que aqui faço são meros desabafos… desalinhados, em devaneios traduzidos.

Diários de pensamentos, desde ontem que me apeteceu chamar-lhe sonhos e cores, ou cores do arco-íris resumido a algo negro.

Em rumo às estrelas, busco o meu poema ideal, e entre vidas, subindo escadas e tropeçando em rampas, crio esboços de telas.

Numa escrita lambida, vejo-a como espelho da minha alma, e tento prolongar o meu Tempo!

Imagino espirais em Flor, sorrio pela minha estrela cadente. Eu palavro, tu palavras… e eu aqui fico, sonhar entre palavras! Mesmo assim, somos faces da mesma moeda, fecho aspas e coloco-te a ti entre elas.
O nosso futuro é imprevisível, mas na geada desta noite, dou uma escaldante gargalhada…
Nesta hora torta do dia, escrevo, logo existo! Um poema histórico-filosófico?! Será essa a actualização de que preciso?!

Juntos, eu e o meu poema, em letras despidas, em lágrimas de luz: mais uma peça no puzzle!

Poema de uma louca: é o que um dia que o consiga confeccionar irá surgi…
Nos meus olhos nada faz sentido sem as memórias de uma pessoa.
Escrevendo sobre as estrelas, em noites difíceis, chamando o Ser Humano de Anormal!
Mas o essencial ao escrever o poema é Amar.
O jogador das palavras nunca terá um fim, e o lilás do sabor da rima concordará que os loucos é que estão certos!

O meu gosto é este: para diástole da escrita. Pedras do meu castelo, construídas em pensamentos por escrito. Pensando e falando, no meu perfeito juízo, por detrás de uma esquizofrenia, ou desconhecida dupla personalidade!

Entalei-me tantas vezes entre sabores e dissabores, e o resultado não foi uma unha negra…

Posso até apreciar as tendências da moda íntima, e posso nem sequer saber o que é a poesia. Mas o meu pulso é medido por rabiscos e safanões.

Sem Magia, o que seria a Vida?!

Simples atracção pelo poema da Vida…

Porque entre o negro, consegui ver o Arco-íris !

Sonhos vencidos? Ou não… Tudo ficou por dizer, mas sei que há uma linha de visão que me compreende.

Tudo termina, não só para o passado, mas também para o futuro.

São assim as utopias da minha carne: á descoberta deste vírus do poema em mim mesma, onde aproveito o voo da Fénix, para viajar, reflectir e viver…

O espírito é variável como a mente. Variamos muitas vezes de pensamento, mas nesta mente inquieta, viver mesmo a sofrer será sempre pura magia do poema!

À descoberta de mim mesma… à descoberta de um poema, mesmo descobrindo que é áspera a doce Seda!

Porque há muitas maneira de fazer um poema…

O que seria do doce, sem antes ter provado o amargo?!

Encontro com o céu


O manto que piso cheira a terra molhada… o que esconde o subtérreo da pessoa com o olhar penetrante?!

O infinito não está numa paisagem do barco perdido na maré do horizonte que divide as águas calmas do mar com o céu!

O infinito está na forma como nos conhecemos e como conhecemos as pessoas que nos rodeiam neste  mundo meramente social…

Uma flor é mais do que belo e aroma. É o espinho de um conflito superado.

Um encontro com o céu não é alcançar o infinito…

O infinito é infinito… e esse será sempre inalcançável.

Concentra-te no que é a paixão:

Um som atraente que te chama;

Uma essência de um outro corpo: ainda ausente!

Percorres o Mundo sem ver a multidão,

Num fluxo qualquer, nesta implosão de mão dada.

Em troca de nada, tudo te permite voar…

De dentro para fora, tudo sem vida vive.

Quando a noite chega, dispersas em sonhos

De olhos vendados, achamos um sentimento divino,

Pecas com prazer

E tudo o que tu vias, cega-te sem temer!

Tudo em consciência, apenas por uma outra presença.

Que achas perfeito e bom demais.

Mas existem os destinos cruzados,

E o dia não espera.

Nem por ela: linda história…

Ignoram-se as palavras, de todos estes contos contados…

No infinito… entrega-se a paixão!

De olhos cabixbaixos,

Agarram-se agora almofadas…

De sal no rosto

No infinito

O encontro com o céu…

Apenas na alucinação!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Futuros sentidos


Hoje, contaminados pelas memórias presas do passado como seres ementais, apetece-nos correr para o silêncio da recordação. Neste desacerto do silêncio navegamos em momentos egoístas de solidão onde as ilusões que já foram sonhos se agravam e agimos como pobres profetas que transpiram ao subir uma milagrosa montanha!

Sabendo que cientificamente provado não é saudável para a nossa mente e socialização neste mundo que agimos como se só fosse nosso, achamos que ao fazer publicação dos nossos índoles sentimentos nos ajuizará e curará, alertando em cor vermelha, que a culpa será do outrem e então nos ajuizaremos vertendo os olhos para o chão, transmitindo um suspiro de graça como quem está puramente limpo de culpa.

Subimos, alertamos e ampliamos este estado de sede do velho isolamento e não aceitação de que o que se passou foi para crescer.

Mas quanto mais se cresce em altitude, maior a falta de ar, e com suspiros de dor, achamos que por ventura a culpa que é sempre dos outros nos provocará crises asmáticas, quando a única bomba de cura é a humildade de crescer lateralmente, olhando-nos para se conseguir perceber que o único erro afinal foi nosso!

O silêncio é agora a maior pressão atmosférica, e continuamos insuficientes respiratórios, recusando-nos respirar outro ar, matando-nos pouco a pouco com partículas de orgulho.

Excluímos a auto culpabilização muito airosamente desta parte grave do mundo, para nos lançarmos de coração morto e alma despedaçada. Com remessas desfeitas não só de falsas memórias, mas de encartados muito feios, contempladores de uma vida desfeita. Sempre a uma distância segura, de forma a não chocarmos com a realidade. Realidade só nossa!

Vemos o tempo e todos passar por um canudo, e todavia nada fazemos, senão pelo nada esperar!

Rimos hipocritamente caracterizando uma personagem social que não existe e denominado o acto ofendido como “sorrir”!

Piedoso público: o prestígio acabou!

A cortina está prestes fechar-se, e nem sequer aplausos… nem assobios!

Pertencemos então a que classe?! A esta a que tanto ansiamos, mas a que tanto queremos um fim.

Rejeitamo-nos, sem antes nos aceitarmos, e para melhor contaminação, fazemos pares de semelhantes, chamando-lhes de Amor!

Vamos parar de cantar.

A representação tem de acabar…

Há Sol! Ele está lá… à espera das ninfas da floresta negra que tudo isto se tornou.

Haverá algures um animal qualquer mitológico, com ou sem brilho, de arco com ferrguem.

Já nem cheira ao perfume da utopia…

Coisas baratas neste mundo…

E dói, sabendo que afinal a culpa não é do passado, das memórias, do trágico presente.

A culpa é nossa!

É minha!!!

Cai o pano, sob uma musica hipnótica…

E dói…

Continua doer estes imprevisíveis futuros sentidos…

Que apenas se esclarecem sob o mando da forma como nos vemos a nós, e à nossa culpa!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Não Sei


Não sei, não sei quem sou hoje, muito menos o que serei amanhã!

 
Não sei qual o lápis ideal para desenhar aquela linha… a linha dos meus limites, que nem eu mesma consigo delimitar.

Não sei se é porque quero mais e melhor, ou me sujeito a pouco ou a nada!

“Não sei” não é de dúvida nem soa como crise existencial.

Tenho certezas, mas não sei se as quero ter.

Sou eu mesma, genuinamente pura no que sou e faço.

Dou-me ao Mundo, mas não me ofereço a ninguém.

Amo e vivo uma paixão.

Mas não sei se é paixão ou obsessão, se é amor, ou dissabor.

Quero mais palavras para me inspirar.

Quero mais inspiração para viver.

Gosto do que tenho, não sei se sei quem sou.

Gosto de mim assim…

Mas vivo intrigada com este “não sei”!

Fases ou carências.

Misturas, ou sentimentos.

Não sei se quero saber.

Nada e tudo…

Tudo neste nada vazio inalterado no absurdo do meu concreto…

domingo, 9 de janeiro de 2011

Ritual em Reticências...


Mais uma noite de ritual

Quando muda esta Lua?

Quando deixa de haver estrelas neste céu?

Naquele céu que se pisa com pantufas de algodão…

Não se sentem os espinhos.

Esquecem-se perfumes!

E só advém quando a vida se tenta arrumar.

Naquelas prateleiras indivisíveis.

Sem arquivos nem pó!

Com vontade, sem acção.

“Quero fazer isto agora, como nunca fiz”… mas sempre quis!

O mesmo resultado.

Sem ponto final.

O fumo que desvanece.

E quando se tentam diluir ruídos.

Há um som estridente.

Parando sem pensar.

Actua com pesar…

Firme só na clareza de confeccionar.

Esta estúpida paixão sem entendimento.

Ritual!!

Faço malas para o definitivo.

Próxima paragem neste rumo intuitivo.

E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...

Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma. Que seremos amanhã? Quando haverá amanhã?

Sorrio ao menos…sempre é alguma coisa: sorrir!

Porque sou eu produto romântico?!

Os outros também levam a vida a olhar para as malas e arrumar destinos!

Vendo sonhos nesta rua, cantando o meu hino de inconsciente!

Fitei de frente todos os destinos pela distracção de ouvir a crítica de não sonhadores…

Os outros…

Eu e nós neste ritual!

Como uma imagem do que eu sou e do que nós nunca seremos, não arrumei nem uma coisa nem outra...

Os outros no nosso ritual.

Nós, entre os outros…

Porque os outros também sou eu.

Nesta rodinha inútil…

Onde a tua voz me chegava como silêncio de Vida!

Paragem!


Pensei que fosse desmaiar, quando na rua o teu olhar reencontrei!

Pára!! Este coração tem mesmo de parar no ridículo batimento sem vida.

É ilusão de óptica…

“O que os olhos não vêm…”

Porquê hoje? Ali, vestido com aquela mesma cor?

Logo tu, que desafias e desacraditas o não acaso!

Porquê castelos, se esses sapos horrorosos da tua vida jamais de transformação com esses rudes beijos de prazer?!

Porque pertenci eu algum dia ao teu amanhecer?

Sente: isto não é raiva, é ilusão de óptica…

Não me ponhas a tua mão no ombro!

Sob a fresta da porta, existirá sempre este transcendentalismo entre nós.

Fosse eu apenas, não sei onde e como.

Não passam de horas mortas entre dois horizontes…

Horas que passam, perdendo os meus fantásticos castelos.

Tiro agora os sapatos altos.

Descalço-me entre a calçada fria que arde sem chama!

Porque não contas essa lenda que há em ti?

Não sou que segredo passados…

Na torre respiro a névoa.

Restam ruínas,

Das minhas ilusões!