Fugindo de mim minto.
Corro entre a escuridão profunda da noite... corro intensivamente sem olhar para trás até ficar sem fôlego.
Chega a hora de exaustão e a meta não se avista.
Por muito que queira correr não o consigo fazer!!
Pela minha mente me lembro das mentiras a que me induziram e tal raiva perturbava-me de bruto modo que o meu corpo descarrega adrenalina… para correr mais um pouco!!
...A noite estava fria, escura e com sombras assustadoras. Não havia estrelas, apenas a lua tapada com um negro véu.
Carregava eu no meu corpo o peso da mentira e na minha alma a mágoa de quem foi enganada, atraiçoada e traída!
Eu fugia, sem saber do que… mas não queria olhar para trás. Nada do que lá tinha ficado fazia qualquer sentido.
Céu ou Terra?! Queria um Mundo…
Um Mundo sem ser o Mundo de Mentiras.
Mas o caminho estava cada vez mais deserto e o arrepio do medo mais presente… de repente senti um pressentimento, comecei então andar mais devagar!
Senti algo invadir o meu corpo, e admito que nesse momento o meu medo aumentou.
Algo me tocou no braço, e a adrenalina transformou-se em pavor!
Virei os olhos, na expectativa de um cenário de terror encontrar… e foi então que vi algo que não esperava ver: uma criança suja, com aspecto de quem não comia há dias… e nos seus olhos… nos olhos daquela criança havia algo! Algo de muito especial… havia ingenuidade naquele pobre olhar!!
Olhos que escondiam mágoa, que choravam às escondidas, que guardavam sentimento cavado. Como eu me fixei naquele olhar! Mas não conseguia perceber o porquê de tal fixação. A menina sorriu-me e eu retribui uma involuntária lágrima.
Ela abriu os braços com gesto de quem me pretendia abraçar. Hesitei, mas aproximei-me…
Até que ela me ofereceu um cale de uma rosa. Sem pétalas nem espinhos… sem cor nem vida!
Questionei-lhe; “Porquê?”
Respondeu-me: Porque as pétalas vermelhas foram oferecidas na mentira de um amor.
Amor esse que deixou para trás espinhos e caule: apenas levou o vermelho e beleza da paixão.
Olhei de novo para o caule em busca dos espinhos.
Mas os espinhos tinham ficado cravados no coração de quem tinha sido enganado por um falso amor.
Apenas sobrou o verde do caule como esperança da mentira ser apenas amiga para a hora de erguer a cabeça e pensar que amor não mente. E esse sim, oferece a rosa inteira e dedica-lhe o tempo para que não murche num vaso de cristal.
O brilho de todos os sentimentos está na sinceridade…
Naquele momento voltei a correr... não entendia o que acontecera e por isso fugia...
Fugi da verdade… para o mundo da mentira!!
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