Abri a janela...

Conduzo a mão à janela e afasto a cortina que a agasalha… a luz lá de fora chama-me abrir os vidros que abafam o mundo exterior… e respiro!

… Respiro este ar que oferece ventura e é como se de repente mergulhasse num oceano de sensações.

Os pensamentos divagam e o dia acomoda-se a uma nova esperança.

Inspiro fundo e soa um suspiro de desabafo, de alguém que se sente encaixada no seu cantinho mágico.

Soltei um sorriso para o nada: daqueles a que chamamos de “parvo” e ali fiquei… com o cabelo em liberdade. Esperei… parei no tempo sem saber o que fazia ali em frente a um mundo “lá fora”, voltei a esperar… e o tempo passava sem ansiedade de algo mais fazer sem ser olhar o mundo por uma janela.

Continuava sem saber o que ali me preenchia… e apenas conformando-me que a vida é feita de esperas... e  sorri de novo!

A manhã rompia e os raios de sol ao fundo do cenário começavam tocar os meus olhos semi-cerrados.

E ai percebi que uma simples janela me oferece a chave para abrir uma porta…

E ai sim, sair e mergulhar de corpo e alma no que lá fora me esperava!

Porque a janela pode ser pequena demais, e não me permite que amplie o ângulo para ver o outro melhor, porque o meu coração é muito pobre e incapaz de ter um olhar generoso para com ele, por causa de meu egoísmo.

A minha janela é até grande, mas tem grades não me permitindo olhar mais de perto o outro, pois estou paralisada pelo medo, que me aprisiona e distancia dele e acabe tendo a impressão de que ele é perigoso e me ameaça.

A minha janela está fechada pelas minhas feridas e traumas, o que me impede de ver o outro, quanto mais conhecê-lo. Construo um muro interior para me proteger e acabo por me fechar para a vida.

Pode estar embaciada pela minha raiva, falta de perdão, o que acaba fazendo com que tenha uma imagem distorcida do outro, porque projecto nele o que estou sentir.

A minha janela está muito suja pelas minhas decepções, fruto de experiências negativas que não elaborei. Isto faz-me ser uma pessoa um tanto ou quanto pessimista, incapaz de ver o lado bom do outro e da vida.

Já é tempo de me olhar e tentar mudar a minha janela.

Se for pequena vou ampliá-la.

Se estiver embaciada pela raiva, limpo-a exercendo o perdão.

Caso tenha grades, arranco-as!

A janela está fechada? Abro-a para a vida! Busco a cura das minhas feridas e vejo como viver é belo.

Tenho uma janela suja e só vejo desgraças? Limpeza total!!!

…e assim encontro a chave da porta que me permite entrar na VIDA!