sábado, 15 de janeiro de 2011

O meu poema


Quero actualizar um poema. Não quero falar de amor, muito menos de angústia. Não quero escrever em liberdade, nem rimar presa a memórias. Não quero rimar, não quero sofrer nem conseguir amar. Quero apenas tudo num verso, sem cheiros nem lágrimas, sem letras nem imagens. Em branco não se vive em paz, mas no negro dos sentidos, quero apenas actualizar o meu poema. A minha forma de viver, escrevendo no céu, iluminada pelas estrelas…

Porque fazes tu um poema se é a permanência na Vida a tua musa?

Ouvir uma música é como fazer uma viagem em redor de mim, como se aquele arrepio de nostalgia me desse um empurrão para me levantar, deixar cair a caneta e o papel e viver sem poema!
Parece que vivo nesta constância baseada num fixo título de “A Bela sonhadora e o Poema!”.
Mas hoje fartei-me dele, não o quero apagar apenas porque faz parte de mim… quero actualizar o poema!

Sento-me em volta da fogueira, e rio-me para mim mesma dos devaneios dos velhos contadores de “A Vida é Bela”, quando eu percorro esta estrada há 23 anos e sei que não encontro a felicidade em cada curva. Velhos contadores de histórias, não deixam de ter razão nos provérbios de cada sentir e pensar. Mas neste momento tenho de agir, tenho de achar outras palavras e modernizar a tinta de sangue e lágrimas para uma outra produção de poema…

Sou grande e fraca, mas pequena sonhadora em Lagos Azuis. Oh não! Já estou eu novamente com cenário de poema!

Quero gritar, quero transformar e triturar estas velhas folhas de papel que me perseguem…Porque a Vida é muito para ser contada, é pouco para ser sentida num só poema.
Quem tem esta capacidade de ser poeta?!
Histórias que nos contam, palavras que passamos já é qualquer coisa?!

Esta constância selvagem da necessidade de desabafo em forma de poesia faz com que o presente tenha mais encanto, porque cada descarga de energia liberta-me para uma nova vivência.

Ao passo e descompasso das palavras, invento histórias com esfinges sem segredos! Já usufruí de muitos critérios, mas no meu mundo, as palavras do meu poema serão apenas compreendidas e gozadas pelos sensíveis à cor do negro, e à vida dos sonhos.
Sou feita de tecido das minhas palavras, e gostava de falar em forma de poema.
Subir á janela, estender tranças de cabelo, e de seguida conseguir por certo, escrever uma linda carta de amor!

São irrealidades ocultas, com que eu aprendo a viver, mas afirmo a minha alma ficar insatisfeita. Tudo  isto por não conseguir criar uma forma de falar em poema!

Refugio-me então no grito do meu silencio, e de repente o meu sorriso desequilibra-se e no dissabor dos meus sentidos, insignificantes para muitos ou quase todos, mas que escrevendo nem que seja só para mim mesma, tudo entra nos eixos!

Vivo diariamente em intermitências, porque a vida é mesmo assim: ou tudo, ou nada.

Compreender o que é incómodo, não é caminhar em sentido contrário. É acordar e não conseguir sonhar, de forma a não ter capacidade para escrever um poema.

Ouço palpitares de corações mortos, e no limite das palavras encontro um novo mundo.

Para mim, continuar assim é ter saúde. "Sonhos de uma menina"? A minha vida não tem um título.

Perco-me num olhar sedutor, neste estranho mundo negro. E de mãos dadas com o brilho do Natural, marco um encontro com o Céu.

A arte não começa nem termina. Arte não é desenhar. Arte é conseguir olhar a Lua! É ela, que não é de ninguém, mas que se encontra em cada um de nós apenas pela magia das palavras que ela nos transmite: tudo pelos momentos que nos proporciona.
É aqui onde quero chegar: à tal actualização do meu poema.
A pura das loucuras é olharmo-nos e perceber que a nossa sombra é uma miragem.
A vida pode ser pintada em Rosa Choque, e ser admirável demência ler romances, reconhecendo que faz mal acreditar no amor escrito em poema.
Tudo é medido em gramas, apenas mais uma de amor?!

Há quem chame a isto um monte de palavras, mas apetece-me e pronto!!

Posso passar um ano estudar Anatomia Humana, mas não é conhecendo a bomba de um Homem, que eu compreendo o sangue que lhe corre lá dentro.
E isso não é uma questão de bioquímica, é uma resposta às palavras pelo sentimentos que adquirimos ao longo da vida, pela forma como interpretamos sentimentos e da intensidade como os vivemos.
Isto sim, é Arte… conceber uma nova cor na Vida!

O destino pode-nos dar asas, mas é a nossa ausência ou presença na vontade que temos para viver que nos faz voar.

Um barraco de ideias: onde se vendem poemas?!

Caminha-se sobre os pingos da chuva, senta-se numa esplanada e achamos absurdo socialmente beber chá com tremoços.
Mas vamos ao Teatro Contemporal e não nos admiramos por gritos que afinal não são loucura, mas sim representação. O que é isto onde estamos senão um palco? O que nos somos? Máscaras andantes, num desfile que tem sempre o mesmo fim para todos, seja qual for a expressão da pintura nelas contida.
Comemos chocolate cor de menta, e não o digerimos com sabor, porque assumimos um simples compromisso com o acaso social!

Aprendemos a ler e escrever, mas não nos inspiramos nas curvas da palavra.

De olho na vida, o que aqui faço são meros desabafos… desalinhados, em devaneios traduzidos.

Diários de pensamentos, desde ontem que me apeteceu chamar-lhe sonhos e cores, ou cores do arco-íris resumido a algo negro.

Em rumo às estrelas, busco o meu poema ideal, e entre vidas, subindo escadas e tropeçando em rampas, crio esboços de telas.

Numa escrita lambida, vejo-a como espelho da minha alma, e tento prolongar o meu Tempo!

Imagino espirais em Flor, sorrio pela minha estrela cadente. Eu palavro, tu palavras… e eu aqui fico, sonhar entre palavras! Mesmo assim, somos faces da mesma moeda, fecho aspas e coloco-te a ti entre elas.
O nosso futuro é imprevisível, mas na geada desta noite, dou uma escaldante gargalhada…
Nesta hora torta do dia, escrevo, logo existo! Um poema histórico-filosófico?! Será essa a actualização de que preciso?!

Juntos, eu e o meu poema, em letras despidas, em lágrimas de luz: mais uma peça no puzzle!

Poema de uma louca: é o que um dia que o consiga confeccionar irá surgi…
Nos meus olhos nada faz sentido sem as memórias de uma pessoa.
Escrevendo sobre as estrelas, em noites difíceis, chamando o Ser Humano de Anormal!
Mas o essencial ao escrever o poema é Amar.
O jogador das palavras nunca terá um fim, e o lilás do sabor da rima concordará que os loucos é que estão certos!

O meu gosto é este: para diástole da escrita. Pedras do meu castelo, construídas em pensamentos por escrito. Pensando e falando, no meu perfeito juízo, por detrás de uma esquizofrenia, ou desconhecida dupla personalidade!

Entalei-me tantas vezes entre sabores e dissabores, e o resultado não foi uma unha negra…

Posso até apreciar as tendências da moda íntima, e posso nem sequer saber o que é a poesia. Mas o meu pulso é medido por rabiscos e safanões.

Sem Magia, o que seria a Vida?!

Simples atracção pelo poema da Vida…

Porque entre o negro, consegui ver o Arco-íris !

Sonhos vencidos? Ou não… Tudo ficou por dizer, mas sei que há uma linha de visão que me compreende.

Tudo termina, não só para o passado, mas também para o futuro.

São assim as utopias da minha carne: á descoberta deste vírus do poema em mim mesma, onde aproveito o voo da Fénix, para viajar, reflectir e viver…

O espírito é variável como a mente. Variamos muitas vezes de pensamento, mas nesta mente inquieta, viver mesmo a sofrer será sempre pura magia do poema!

À descoberta de mim mesma… à descoberta de um poema, mesmo descobrindo que é áspera a doce Seda!

Porque há muitas maneira de fazer um poema…

O que seria do doce, sem antes ter provado o amargo?!

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