domingo, 30 de janeiro de 2011

Aprendizagem


Tenho de largar a mão, para conseguir sair de pé. Será que sou teu anjo e tu não vês que a parte que temes não existe em mim?!
Procura a parte quente do que vês… Quem é ele para falar de ti, se nem tu mesmo sabes quem és?! Quem é ela para falar do outro, quando ela não se conhece e foge a isso mesmo, falando do que pensa conhecer?!
Quem sou eu para falar de ti se nada sei de mim?!
Quem é quem para falar do que é certo ou errado, se deve ou não ser assim?! Politicas sociais… Julgamentos irreais!
Quem pode falar de mim ou por mim?!
Só eu sei o que sinto e as sensações que acompanharam a minha vida.
Não sou capaz de elaborar o que sinto. Sinto tudo à flor da pele, arrepiando-me quando penso nos meus sonhos. Busco, luto e invisto à minha maneira, e não suporto quando me impõem limites de apenas “querer pensar por mim!”.

Ser… eis a questão.

Quando nas caminhadas, a dor nos visita a cada um de nós, acalenta os medos e as dúvidas. Mas não nos pode fracassar. Será que não há dores que nos aparecem para socorrer?!
A dor de ter capacidade de compreender e conseguir viver num mundo tão (in)compreensível, óbvio e ao mesmo tempo tenebroso, indecifrável, gigante, misterioso… e cruel! Muito cruel.
E o facto é que o mundo é cruel para os bons e mais fracos. Porquê? Eis a conclusão de que nesses casos a dor nos visita para socorrer.
Abate-nos, para conseguirmos de seguida arranjar energia de forma a que a adrenalina nos invada o corpo para se conseguir  sobreviver e aprender uma nova forma mais atenta de viver!

Quem consegue amar-se nesses momentos, quando tomamos consciência de que para amar, é preciso amar-se?!

Existe uma reserva dentro de nós: uma essência divina que coabita nas profundezas de cada um de nós: há quem lhe chame espírito ou até mesmo anjo da guarda. É aquela força que mesmo quando nos sentimos dobrados, não quebramos. Contorcemos as veias até ferir o coração, mas não quebramos…
Há uma energia maior em nós que não nos deixa atingir o vital com a dor. Há uma luz que nos impulsiona os olhos a seguir. E não nos deixa dormir, apenas para conseguirmos enfrentar a realidade… seja ela qual for!
Não é de um jeito qualquer que a nossa mente actua. Ela protege-nos desta dor que às vezes achamos que nos mata aos poucos…
Procuramos então aprender com as experiências, não só do presente, mas essencialmente com o passado, chamando-lhes de “memórias”! Mas não são apenas memórias… é Aprendizagem…

Aprendizagem de suportar… ensinada pela Dor!
Com singularidade, o brilho da verdade transmite-nos paz… é esta verdade, e ciência de consciência tranquila que nos torna seres únicos.
É duro pagar por um erro não cometido, mas se estivermos de consciência tranquila a nossa mente irá encontrar as provas da verdade…
Não existe uma linha recta, não há modelos nem rótulos, mas essa força omnipotente que cada um de nós possui, faz com que a liberdade tenha sempre inicio no coração. Só assim se consegue sentir descarregar em cada pôro da pele, sentindo-nos a sensação de vitória após a invasão de dor.

O que realmente importa é a luz que vem de cada um de nós.

Ela brilha nos nossos olhos, e só ela aliada à inteligência e à experiência nos eleva esta sabedoria de ultrapassar momentos de dor.

A sabedoria pode estar em tudo. Dar a mão, vencer a maré, soprar contra ventos, sorrir quando apetece chorar, erguer a cabeça quando esta pesa toneladas, seguir caminhos quando nos oferecem obstáculos.

Haverá sempre alimento para o nosso sangue enquanto não deixarmos apagar essa luz. A essa chama chama-me fé ou esperança. Pode ser força ou forma de sobrevivência…

A transformação de cada um de nós não vem do planeta. Nós temos sim, a tendência para transformar este planeta, simplesmente por não nos darmos ao trabalho de nos conhecermos a nós mesmos.
É de dentro que vomitamos o ódio e a ganância. É de dentro que sentimos o espelho da vaidade apenas pelo que os olhos vêm.

A diferença privilegiada, é o nosso crescimento, olhando-nos por dentro. Dividirmo-nos sem peças e transformar cada acto do dia-a-dia como algo que somos.

Parece uma grande ilusão. Mas não é!!

O movimento do que somos é holístico. Tudo está lá dentro. Incluindo as acções que só os outros vêm e nós não sentimos.

Temos de nos polir constantemente. Nunca quebrar arestas, porque ninguém muda porque lhe apetece ser melhor ou pior. Basta olhar para as acções ao fim do dia, e compreender-nos holisticamente e não justificando os nossos actos pelo poder da sociedade.

Temos milhões de potencialidades escondidas, mas também existe muita miséria dentro de nós.

Temos de aprender a simplicidade voluntária de nos conhecer para poder limar.

Livres e serenos, levando sempre connosco a luz… a luz que todos nós temos. Tenha sido ela oferecida por quem quer que fosse!

Cada um de nós, tem a potencialidade de ser a gota de água de um oceano. E não podemos ver o oceano como um acumulado de gotas. Cada gota é única, porque não somos um aglomerado de gente.

Se somos gente, façamo-nos gente, olhando-nos e deixando-nos de olhar para os outros como “outra gente”!

E isto só se consegue com a aprendizagem que a dor nos fornece… nunca deixando apagar a luz!

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