Com palavras iguais digo o que me faz sentir mal, e as respostas são sempre diferentes. Quando os actos se tornam repetitivos as palavras desgastam-se… diálogos transformam-se em monólogos e o nosso estranho mundo converte-se no meu estranho mundo de questões indecifráveis.
É na subtileza das palavras que saboreio todos os actos subjacentes … neste mundo de mudos sem comunicação como não há-de o Homem sofrer e magoar-se?!
Não gostar da palavra é extinção de tudo: é passar um atestado de óbito ao que somos perante o Mundo, sufocando-nos com esta solidão egoísta: solidão só nossa, sem direito a palavra.
Não gostas de ler? Não gostas de escrever? Não gostas de conversar? De comunicar? Mas já paraste para pensar que nos momentos de solidão que achas só tua, ouves música? O que é a música senão um som de palavras? O que é falar contigo mesmo?!
Neste grau menor de comunicação que a sociedade actual vive, tem apenas duas escolhas… ou a palavra, ou a loucura!
O nosso auto-retrato modifica-se forçosamente por toda esta mutação social. Mutação de mudos e surdos, egoístas ao ponto de nem oferecer a palavra, sem terem noção do quão importante é receber…
Dar e receber a palavra: dialogar, conversar, comunicar, descomplicar, distinguir, resolver, saborerar, conhecer...
Um amontoado de sentimentos não falados ou de actos mal interpretados apenas terá resolução com a palavra. Esqueçam a explosão no momento errado, no sitio errado com a pessoa errada.
Na vida há um “timing” para tudo… e a palavra não é excepção.
Usa-a… mas sabe usá-la!
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