Já gastámos as palavras que existiam e inventamos as que magoavam
Cravámos espinhos e derramei lágrimas…
Verdades ou mito, algo invadiu o meu coração
O que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes que me condenam durante a noite
Sinto-me só entre multidão.
Sinto que o coração já nem a mim me pertence!
Gastei tudo menos o silêncio.
Gastei os olhos com o sal das lágrimas,
Gastei as mãos à força de as apertar e imaginar que a outra era a tua!
Gastei o relógio em esperas inúteis.
Meto as mãos neste vazio e não encontro nada.
E eu que acreditava, continuava acreditar e tentava acreditar ainda mais!
Porque afinal havia sonhos possíveis!
Mas isso era no tempo dos segredos,
Era no tempo em que as estrelas brilhavam
Era no tempo em que os teus olhos
eram realmente espelho do reflexo desse intenso brilho.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
Uns olhos como todos os outros
E com sal…
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: acredito
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Mas o coração mantêm-se recheado daquele sentimento…
Tentei conquistar a estrela do meu céu...
Não consegui: acabei de perder a Terra!
Adeus
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