Tu, avô, 88 anos, numa cama de hospital...
Abres a mesinha de cabeceira do leito que te acompanha há longos dias, e com lágrimas no rosto entregas-me um caderno com desenhos, rabiscos e desabafos.
Pedes para guardar, mas eu peço-te para continuar:
"Dia 13 de Maio
Que nunca esquecerei
Ai Sol da minha casa
Não sei se voltarei!
Quando saí de casa
Levava muita dor
Chegando a Miranda
Falando com o senhor Doutor
Mostrando-lhe o meu pé
Com toda a confiança
Até logo me disse
O senhor tem de ter esperança!
E quando saí para fora lá estava a ambulância...
Pensando pelo caminho
Será o que Deus quiser
Ai que eu vou embora
Sem dizer nada á mulher!
Quando vinha pelo caminho
Pela minha mulher e família
Rezei, olhando para o vidro
Tudo bem ficará
Com Paz e Alegria
Desci da ambulância
Falando baixinho
Ai que falta me fazem os sete netos
Para agora me darem carinho"
"Qual será o próximo destino?
Será que voltarei?
Perguntas de cura ou morte
Mais não sofrerei."
As melhoras avô...
Não tarda e voltarás ver o Sol da tua casa!
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