domingo, 27 de maio de 2012

Sopro

Acordar com uma sensação de que a nossa vida está prestes a mudar é comum para um ser nostálgico, hipersensível e com alguma probabilidade de acreditar que existe dentro dele um sexto sentido a vibrar.
Mas acordar com vontade de escrever poesia, de escrever um romance, compor uma música, pintar as paredes do quarto com as cores do arco-íris, pintar uma tela sem perceber nada de arte, é no mínimo um sinal de que sim, algo se está passar. Intrinsecamente ou extrinsecamente há um renovar na vida deste ser.
E porque nada melhor que um belo passeio matinal, com o rodopio de sons naturais onde o canto dos pássaros inspira a nossa própria condição essencial, percebe nesse preciso momento que a questão da grande sensação é a simplicidade das coisas!
Começa por trincar uma cereja madura, por se sentar no chão e sentir o cheiro a terra molhada onde descobre que àquela hora as formigas andam atarefadas, e depois corre pelo campo tentar apanhar um simples cão que nos recebe como se fossemos a maior dádiva do dia dele, onde sorri parecendo dizer: “Homens: andem, corram, rastejam… mas vivam!”
Vivam as coisas simples! Contemplem o nascer-do-sol com um abraço, o dia como se fosse o último dos dias e atinjam os sonhos para além do pôr-do-sol!
Tirem a fotografia da própria alma e olhem bem para ela: analisem que corremos contra o tempo sem tempo para acordar e deitar na miséria de nos limitarmos a existir…
Cuidem da vossa vida! E cuidar é viver, é sermos de dia para dia seres melhores, para nós mesmos e para o mundo.
Não é arrancar flores para oferecer à namorada. É levar a namorada ao jardim e fazê-la sentir a terra nos pés descalços, é correr contra o vento e abrigar-se na chuva sem proteção.
É crescer, é ensinar… é dar!
…Porque um dia, da vida iremos muito receber!

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