terça-feira, 29 de março de 2011

Estante Depressiva


   A verdade é que nem mesmo a dor do pó acumulado não me faz desistir de toda esta limpeza do passado…

   Porque é que tantas e inúmeras vezes deixamos de olhar para aquilo que temos, só porque passamos em busca de coisas supérfluas, impossíveis, ou obstinadas?!
   Quantas vezes nos sentimos vazios e sós, quando estamos no meio de uma multidão disposta a oferecer-nos coisas boas?
   Podemos não ser capacitados para desenhar todos os nossos passos ou evitar determinadas quedas, mas tantas vezes que ficamos cegos, acabando por nos enrolar na nossa própria teia e engolir o veneno procriado por nós mesmos.
   Isolamo-nos do Mundo, e culpamos o Mundo por não nos ajudar sair desta depressão, culpando todos os factos exacerbadados pelo sistema nervoso.
   Ninguém disse que é fácil ultrapassar as dificuldades, e que todos os romances têm um final feliz, mas porque colocar os problemas numa lupa? E se não o resolvermos no momento que queremos, colocá-lo no microscópio e analisando-o pegando em todos os pontos, dividindo as células, multiplicando o DNA desse Problema?
   Tudo o que é necessário para chegarmos a um estado depressivo, que se torna a cada momento que passa como uma bola de neve, e cada vez mais difícil de encontrar o Sol para a derreter.
   Serramos os dentes, como se só fosse possível expandir o nosso lado selvagem, nem tomamos dimensão do que as nossas atitudes impulsivas e de seguida cravamos as unhas na pele e mergulhamos numa tempestade de lágrimas.
   Desespero e dor, pode até levar à ameaça da própria vida.
   Quanto menos queremos ser ajudados, mais pessoas temos à nossa volta dizer para ter calma.
   Quanto mais calma queremos ter, mais o estado de ansiedade se agita como se um remoinho num pequeno copo de cristal, que a qualquer momento pode estalar.
   E quando se chega a um estado terminal da pouca esperança que existia, queremos ser ajudados à força, mas os que lá estavam cansaram de ali estar, e partem exaustos…
   E ali se fica, sem dó nem piedade de si mesmo, numa ameaça da qualidade de vida, acabando por morrer aos poucos…
   Até quando?
   Uma fila indeterminada de obstáculos a ultrapassar, e sobretudo ter vontade de querer e conseguir a multiplicar…
   Mas depois de passado tanto tempo, com altos e baixos…
  A estante continua cada vez com mais pó…
  Até quando?
 Até hoje não sei…


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