quinta-feira, 7 de julho de 2011

Inevitável


Sopro o pó das gavetas das minhas reminiscências e traço o projecto do meu caminho.

Do caminho desde que me lembro de ser gente até o dia de hoje, que apesar de prever alguns dos meus limites ainda não me auto defino.

O caminho entre dois pontos. O de partida e o da chegada!

Todo ele tem rosas espalhadas. As pétalas murcham, mas não perdem beleza e cheiro. Os espinhos, esses cravam-me os pés, mas criando calo de todo este trilho fazem deles resistentes andantes.

O meu maior desejo sempre foi nunca deixar de acreditar em sonhos, para que a felicidade fosse vivida como fantasia de criança. Mas quando falamos de sensibilidade e lágrimas… essas são analogamente resignadas com a inocência de um minúsculo ser em tamanho grande.

Vejo os sobressaltos deste caminho como os soluços de um criança que chora!

Sei o que tenho, sei o que quero e sei que quero lutar por ter este futuro… assim: visto-me de maduros objectivos, com uma fantasia imatura de acessório.

Até lá a caminhada será sempre imprevisível, e vou muitas vezes optar por cruzar os braços. E isso sempre implicará continuar a sofrer e ter medos.

Isto tudo é muito estranho… mas o que seria de estranhar era não ser estranho perante um ser tão estranho!

Tenho neste momento medo do futuro. Não sei se vou sofrer ou ser feliz. Tenho consciência de que vou sofrer e ser feliz. Apenas não tenho a capacidade de quantificar toda essa densidade a que me condeno sem razão.

Tudo era mais simples se pudéssemos olhar para a nossa mão e as linhas da sina nos permitissem prever o futuro.

Mas nenhum Ser Humano suportaria tal tormento.

Era como fazer um rascunho da vida, e depois passá-la a limpo. Iria ser ilegível!

É tão fácil dar conselhos! Porque raramente os seguimos? Porque não nos vemos de fora…

Ver de fora não é fazer uma introspecção. Ver de fora não é ver de fora para dentro. É vermo-nos num todo, despersonalizando-nos. Descolando o nosso corpo da nossa alma.

Sem hesitações haveria menos noites passadas sem dormir.

Decisões… as causas das rugas. E aquela ruga de expressão pelo sorriso fica flácida, precisando de um sustento. Um sustento que não se faz de carne e pele, mas sim de emoções…

E quando as emoções e os sentimentos interferem nas decisões que podem mudar uma vida é tudo ainda mais difícil!

Não percebo porque é que a vida me ensinou que um sentimento que hoje existe, pode já não existir amanhã!

Não quero isso. Porque sei que tenho um coração ilimitado… ou não!

Uma emoção, uma paixão sentida hoje pode já não existir amanha.

Mas o amor, o verdadeiro amor esse por muito que descore, deixará sempre marcas no músculo do coração.

Ora bate mais forte, ora mais fraco. Com ou menos paixão… mas amor que é amor… vive eternamente, mesmo que o cérebro indique que não está mais lá, ele continua ali… escondido, ou apenas reservado!
Tenho de alterar muita coisa na minha vida a partir de hoje.

Tenho medo de sentir falta de muita coisa que estou perder neste momento.

Mas acabei de ganhar coragem…

Coragem para algo que eu mesma ainda não sei bem o que é!

Inevitável...

Inevitável separar a mente do coração.

Inevitável viver sem amor...

1 comentário:

  1. L.A.7/7/11

    Inevitavel ficar indiferente aos textos que tens escrito ultimamento.
    Muito ás profundezas da sensibilidade.
    Conseuguiste com que um leitor expremesse mais uma lagrima no seu rosto.
    Muitos muitos parabens.
    Tens talento que aumenta gradualmente.
    Força! Tu es a musa de muita gente que le o teu blog diariamente. Inspiras a vida de muitos leitores teus.

    Assiduamente
    L.A.

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