Já não cabe tanto aroma na minha mente! Todos os cheiros nos levam a alguém, recordando num manto de nostalgia: quão bom é recordar pelo cheiro…
Mesmo assim, navegando contra este prazer deste sentido que se apura quando vem o sentimento pelo perfume de sensações, saboreadas pelo momento de reviver!
É como mirar por uma janela e avistar uma grande árvore, refrescada pelas verdes folhas que evaporam a respiração por uma única laranja.
Consigo saciar a sede apenas pelo aroma a doce laranja. Como tenho eu a certeza que ela é doce se está só? Não será fruto de abandono, pelo seu desprezível paladar que afasta seguramente o prazer dos lábios?
Apesar de encenar com convicção o meu desejo pela laranja, não consigo roubá-la!
Está só: amadurecer na sua própria solidão.
Serei eu incapaz de resistir ao impulso de vê-la mais de perto, fechando a janela do meu próprio passado, para futuramente conseguir descer, e saborear bem próximas, sem lhe tocar, ficando-me pelo inalar do aroma profundo que o fruto proibido me tenta…
É tentação, é desejo, é paixão que se vai transformando em amor. É como um fio de” Nylon” à volta do pescoço…
Quero a laranja!! Mas a árvore não me perdoará! (Calma… se nela eternamente permanecer, apodrecerá!)
Mas aconteça o que acontecer, tu serás sempre a última. A mais doce e sumenta laranja. Terás tu a última palavra, e eu entenderei…
Está na hora, um último olhar, chegou a hora de pela última vez te inalar…. Aroma a laranja… a tua consumação pelo Tempo: afinal a derradeira, sem palavras nem companhia, apenas difundindo agrado por quem só te vê.
Com todo o peso da tua vida, é hora de dar o golpe de misericórdia: caíres…
… não no chão, mas sim na minha mão!
E agora? Olho-te com medo.
Deixaste de ser fruto proibido e não te posso devolver.
Não te julgues vítima do meu desejo.
Foi o céu que te largou das tuas folhas, e ofereceu-me a mim.
E agora?
Agora está na hora de transfomar prazer em amor…
Como eu amo, esta laranja doce e só, que agora é minha e pertence a ambas: a mim e ela, louca só nossa esta incompreendida solidão...
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