Tenho um mundo cheio de cor,
Mas insisto em viver no mundo ao lado,
Que apesar de sobrecarregar as imagens com cor,
Repito constantemente carregar os contornos com este lápis negro.
Um lápis que entre folhas brancas corre sem cessar
E acaba por cansar destes rabiscos que nunca passaram de rascunhos.
Rascunhos de uma vida numa folha em branco.
A ponta quando esgotada é afiada, reduzindo as arestas de novas imagens.
Mas que imagens são essas?!
A conquista de uma imagem não se faz consoante a cor que já nos é por ela apresentada.
A cor com que vemos as coisas e os outros.
A questão é saber se os outros estão dispostos
A ser conquistados por nós, transmitindo-nos a verdadeira cor!
Hoje é o dia, o dia de uma grande introspecção!
Vou pegar numa folha em branco.
Vou desenhar uma silhueta.
Simples silhueta em contorno de um cansado e velho lápis.
Mas uma nova silhueta da minha vida!
Não importa a figura.
Baixa ou alta.
Magra ou gorda.
Recorto agora os cabelos longos que lhe pintei de negro.
Com cuidado para não errar,
Quero agora uma estrutura!
Forte?!
Uma estrutura leve e frágil…
Preciso de muito cuidado.
Baseando-me na simplicidade.
Guiando-me apenas pela instantânea imaginação.
O meu objectivo é pô-lo a caminhar.
Coloco agora bem dentro
Um vermelho coração.
E ponho-o na Vida a caminhar…
Qual o seu destino?
Qual a sua cor?
O Sol bate nas roupas e obrigada os olhos semi-serrarem-se.
Pego agora na sua beleza simples e rara.
E a leve silhueta transforma-se de fino arame em ferro.
Pensa em si mesmo
E não tem um mundo ainda.
Apenas uma folha de papel
Branca e vazia
Com o Sol irradiar!
Mas já se alimenta…
Alimenta-se de sonhos
E o futuro está já dourado
Somente dirige o seu corpo
Por caminhos coloridos
O meu boneco de papel?
Uma silhueta caminhante
Em busca de Sol e Sonhos
Os meus sonhos estão nos braços dele
Não importa quão escuro seja o carvão desse lápis
Que contorna os céus
E apaga a luz do Sol
Nada assusta as minhas asas brancas
Que agora me fazem voar
Pode escolher perder-se
Ou até balançar
Pode mudar de nome
Ou de contornos de silhueta mudar
Minha silhueta de papel…
Onde escondes tu essas cores
Que a falta de Sol não te permite
Por ti só brilhar?!
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