Vou encontrar a tua chave e desenterrá-la!
Vou escavar até às profundezas e procurar tudo o que te pertence.
Esquece os segredos,
Esquece a tua história.
Chegou a hora de escrever um novo capítulo, sem sombras.
Entra por esta porta, não precisas de chave.
Já muito tempo que está aberta.
E só tu não consegues vê-la.
Quantos palmos abaixo do chão se encontra esse tesouro?!
A quantos passos estamos nós do céu?!
Não me vais ver cair novamente.
Fortaleceste-me com o teu esconderijo.
Vou ficar aqui, atrás de ti, escondida entre as paredes.
E agora, se te vir cair, não te amparo.
Deixo-te cair, sentir a dor que eu senti.
Para que te seja permitido ir mais além do chão.
Tudo está nas profundezas…
Aprende a chorar.
Sente a sofrer.
Vê um mundo para além do chão que calcas sem olhar.
O céu dar-te-á o troco desta queda imortal.
Muita coisa vai morrer em ti.
Não comeces guerras com armas só tuas.
Todos os movimentos fizeste até hoje, esfarelaram a minha face.
Veio tudo desaparecer sem deixar traços.
Podes levantar e sorrir, podes sentar e chorar.
Não vás pela ponte, vai pela margem.
A maré não apanhará.
Não olhes para trás.
Estou escondida, entre as paredes, e não te vou amparar…
Não, não te quero ver cair.
É este o modo de conceber as profundezas onde está a tua chave.
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