sábado, 12 de fevereiro de 2011

Conheci alguém...


Sem meias palavras, meus olhos cruzam-se com um baú velho da cor de memórias, com ferrugem de pensamentos!

Sem magia o que seria da Vida? O que seria de nós se ao fim de algum tempo de existência não fossemos algo semelhante a um baú? Com segredos escondidos, tesouros procurados e memórias enterradas.

Baú soa a magia… tal como quando estamos prestes conhecer alguém que nos transmite mistério: uma pessoa como um todo, com raízes vindouras de um baú de uma vida passada. Tal como eu e tu… tal como uma outra qualquer pessoa que desfrute de insubstancialidade.

Palavra puxa palavra, observamos gestos e achamo-nos psicólogos de uma nova realidade, esquecendo-nos que existem estratégias e formas de defesa naquilo que transmitimos a alguém que obviamente queremos agradar ou se determinada forma conquistar pela “primeira impressão”: essa que ninguém apaga, que fica sejam quais forem os marcos futuros. É ela a base de sustento de quando se começa conhecer alguém… ou não!

Pouco, mas com muito publico disfarces para prever afeições e reacções da outra parte. O problema não é quando se está conhecer uma pessoa. A dificuldade advém quando temos a percepção de quando já não conhecemos uma pessoa, que achamos que durante toda a vida a conhecíamos mais do que a nós próprios.

Durante o relacionamento com uma pessoa há bilhetes que pairam no ar e que nunca os chegamos apanhar. Voam de forma leve, por cima da nossa consciência, e eficazes na forma como enganam o coração!

Conhecer alguém é como aquelas histórias que nos contam antes de dormir, nunca chegamos ouvir o fim (porque adormecemos) mas supomos que é um final feliz…

Não basta gritar de cima de um telhado o que determinada pessoa é para nós. É necessário falar bem baixinho, para nós mesmos, e interiorizar se vale mesmo a pena essa pessoa pertencer à nossa vida, pertencendo-nos. Isto porque quando se descobrem as verdadeiras razões já é tarde e aí, não é só ela que parte: vai, arrancando um pedacinho nosso, que jamais se voltará reconstruir.

Os gostos sociais partem em “gostar de conhecer gente nova” e com espírito renovado, que nos façam sentir bem. Mas não deve ser criticado aquele típico “anti-social” que parte e reparte, seleccionando as pessoas a quem se dá e as que recebe…

É impossível num grupo ser amado por todos e amar-se a todos. Não somos Deus. E muito menos fúteis ao ponto de utilizar máscaras e falsidade de consquista. Eu não acredito que por muito “boa gente” que seja alguém possa agradar a todos… porque nem todos querem ser agradados. Muito menos “todos” aceitam ser conquistados”.
E a conquista não é gostar das virtudes, é sim saber aceitar os defeitos, aprendendo gostar deles mais que as virtudes!
Tu até podes ser um anjo, mas vais ser sempre contestado, nem que só seja por seres bom de mais. Porque ser bom de mais também é mau…

Isto são simples irrealidades ocultas do dia a dia social. Eu cruzo-me com um colega e digo sorrindo: “bom dia”, eu afasto-me fisicamente de um amigo durante anos a fim, não falo, mas um dia há o reencontro e a necessidade de um abraço.

Não se refere ao sentimento de satisfação pessoal nem à boa aceitação social. Refere-se a SER ou NÃO SER…

“És Tu”… “Fecho os olhos e tenho-te a meu lado!” Sentir… e ter realmente. “Ninguém é de ninguém” e uma vida é pouco para conhecer alguém que temos a nosso lado.

Momentos de pressão e sensibilidade podem fazer-nos dar pistas. Mas estas podem também ser falsas ou realidades opostas.

Iremos estar sempre presos a “conhecer” ou “prever” alguém. Porque eu sei de muitas pessoas consideradas previsíveis e elas surpreendem-me ao ponto de me convencerem de que afinal não as conheço… nem minimamente!

Podemos deixar soltar o nosso instinto a cada pessoa que se cruza no nosso caminho, prevendo ou não os votos de confiança. Mas cuidado… cuidado quando se diz”Conheço muito bem essa pessoa!” ou “Ponho as minhas mãos no fogo por ela”… porque quando menos esperamos a chama da surpresa e desilusão envolve-nos de forma a não deixar mais vida em nós dessa pessoa, arrancando o tão pedacinho de nós… que jamais voltará!

Confiar e conhecer…
Conhecerei alguém, quando confiarei 99% em mim mesma

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