sábado, 26 de fevereiro de 2011

Efeito Borboleta

    Que silhueta é esta que está parada em frente a um espelho?! Lá fora há um Mundo! Porque está ela em constante narcisismo, se o vento leva tudo?
    Esses detritos que corrompem o coração, essa poeira que tanto cobriu os teus olhos, será agitada pelo vento do tempo, onde empurrará as nuvens negras que ameaçam chuva. O vento leva tudo lá fora. O vento varre tudo cá dentro.
    O que está por detrás da tempestade? Tudo de “lá de fora”… Porque é lá fora que transforma tudo cá dentro.
    Parte o espelho ao observar minuciosamente uns vincos que foram desenhados no rosto de uma abatida silhueta.
    Essa sombra de cinzento ténue que assenta os olhos e essa madeixa branca que te caí não é nada mais que uma mera passagem de tempo.
    Até agora, até este preciso momento nunca pensaste “quanto tempo tenho?”, não tortures a tua massa cinzenta ao questionares-lhe agora “Quanto tempo me resta?”
    Silhueta quieta. Pensa em tudo o que tem para fazer naquela tarde tempestuosa.
    Imagina gestos. Todos os gestos que fará nessa tarde. Movimento de empurrar, de fechar, de levantar, de alcançar. Executa mentalmente cada um dos gestos, como se não pudesse separar o corpo da mente mais profunda…
    Mas a silhueta não se mexe. Angustia-se pela imagem que acabou de gravar, provocando-lhe uma espécie de paralisia. Perplexo, o céu cérebro fornece-lhe uma imagem alternativa: uma borboleta bater as asas!
    Na sua cabeça, a realidade assume a forma de uma embargada teia, onde tudo está ligado a tudo, onde as coisas simples dependem todas umas da outras. Está agora no centro da teia… os fios invisíveis impedem que se mova e não tem qualquer forma de defesa!
    A silhueta desiste. Está agora parada. Imóvel, em frente a pedaços de espelho partido, mal respira.
…Convencido de que o seu corpo em movimento e em sintonia com a mente acabará por destruir o Mundo Lá fora… Destruir o seu Mundo Cá dentro!

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