Foi dia de mudar os lençóis da cama onde dorme todos os
dias. Naquela noite deitou-se como se fosse envolver-se num leito de magia.
Havia entre o toque suave, um cheiro que a envolveu num passado muito distante.
Lembrou-se do toque suave das mãos da mãe. Reviveu cada
noite que adormecia na proteção do amor de um toque na sobrancelha que a abarcava
para o conforto inexplicável. Era como se o toque da mãe a protegesse dos males
do mundo e lhe dissesse que todos os medos eram imaginários.
Abriu os olhos… era apenas um sonho! Mais um sonho longínquo
em que a realidade presente se baseava exatamente no oposto.
Transpirando o medo de não voltar sentir esta proteção,
agarrou na almofada e num pequeno poro conseguiu tirar uma pena. Fê-la voar até
ao candeeiro que iluminava uma pequena parte do sombrio quarto. E foi ai que
percebeu o quão pesada se sentia.
Eram as amarras da solidão, mas sobretudo das raízes que
tinham crescido.
Estava convicta de que estava lançada às feras deste mundo,
e que apenas o toque e o cheiro de uns lençóis acabados de lavar a poderiam transportar
para esse conforto…
… o conforto de proteção que todos os adultos que têm medo
de deixar ser criança sentem!
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