É isso mesmo… a teimosia em nos desligarmos da luz!
Fechar os olhos para aquilo que realmente importa nesta
vida, é um ato humano cada vez mais comum.
Todas as manhãs pomos aquele perfume do qual não nos
desprendemos há anos. Todas as vezes que queremos comprar uma roupa nova e
queremos mudar, acabamos por comprar os padrões e cores aos quais estamos
habituados.
E de todas as vezes que tentamos dar-nos a pessoas só para
ver no que isso “irá dar” acabamos sozinhos, rodeados de pensamentos de
auto-culpa pelo facto de não conseguirmos exercer em nós uma pressão, de forma
a moldar a nossa atitude para nos relacionarmos com pessoas muito diferentes de
nós. E quando falo em pessoas diferentes, falo em incompatibilidade. Pois as
que mais amo são completamente diferentes de mim. Os seus defeitos e virtudes
encaixam na perfeição com os meus, de forma a que flua uma espécie de energia,
fazendo com que haja aceitação, e sobretudo sentimento positivo pelos defeitos
dos outros.
A
vela é algo que me transmite pureza. A luz, o calor, a harmonia, a sinceridade
da serenidade que ela transmite.
Eu sou como um copo debaixo de uma torneira de água. Se esta
estiver temperada e na pressão certa, a água corre de forma correcta para
dentro do copo, sem causar estragos nem extravasar. Se, pelo contrário a água
estiver a queimar e sair com a pressão máxima da torneira, o copo fica abalável,
não suporta essa capacidade de pressão e temperatura, pode cair e até mesmo
estalar…
Sim, para isso acontecer já tem de ser um copo muito frágil
e sensível…
É ao que chamamos o temperamento de “tempestade num copo de
água”!
Mas digamos que a vela também só tem uma boa actividade de
serenidade se houver harmonia com o meio ambiente.
É isso mesmo… nós somos resultantes de todo o meio
ambiente, de tudo e todos que nos rodeia.
Como posso eu falar de futebol com alguém que detesta
futebol?
Como podem as pessoas entender as minhas fragilidades se
desconhecem a teoria sobre a pressão a que eu estou sujeita?
Como podem as pessoas julgarem os outros por aquilo que só
elas próprias os são?
Será que um dia as pessoas vão parar e perceber que já não
têm tempo para elas mesmas, perdendo esse tempo todo apontar o dedo, ou
direccionar os olhares a quem não lhe pertence?
Eu estou neste mundo, mas eu não faço parte do mundo. Só
quem é capaz de navegar em pensamentos, ideias, filosofia, sentimento idênticos
aos meus é que vai conseguir interpretar verdadeiramente aquilo que eu sou e o
porquê de cada uma das minhas atitudes.
Só quem nos sabe ler é digno de nos conhecer.
Só quem é digno de interpretar aquilo que uma vela nos
transmite é que é merecedor de receber a luz e sabedoria que ela oferece…
Porque cuidado…
Ela pode queimar!
Ou simplesmente apagar-se…
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