Toco no canto da minha boca. Toco com um dedo no bordo da
minha boca, desenhando-a como se saísse da minha mão e do meu inconsciente. Como
se visse e sentisse a minha mão tocar na minha boca pela primeira vez na vida. Basta
agora fechar os meus olhos e desfazer tudo, para fazer a mesma coisa com os
meus olhos e com o meu nariz…
Sinto todos os contornos na minha imagem e questiono-me que
o tempo passa sem me conhecer.
Não temos tempo para nós mesmos! Aliás… assusta-nos o facto
de termos tempo para nós. Para nos olharmos, nos questionarmos, nos
procurarmos.
Acordamos nas rotinas das manhãs procurando a nossa
felicidade nos outros!
Mas hoje a boca escolhida é a minha, entre todas as bocas. Escolhida
por mim, com vontade de me amar, com soberana liberdade…
Não me procuro compreender. Isso é demasiado assustador! Apenas
coincidiu quando percebi que tinha uma pequena ferida na boca!
Quero começar-me olhar-me mais de perto, caso contrário lutarei
sem vontade.
… Porque
não posso lutar pelos outros, sem antes lutar por mim!
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