sexta-feira, 7 de março de 2014

Minha Boca


 
Toco no canto da minha boca. Toco com um dedo no bordo da minha boca, desenhando-a como se saísse da minha mão e do meu inconsciente. Como se visse e sentisse a minha mão tocar na minha boca pela primeira vez na vida. Basta agora fechar os meus olhos e desfazer tudo, para fazer a mesma coisa com os meus olhos e com o meu nariz…
Sinto todos os contornos na minha imagem e questiono-me que o tempo passa sem me conhecer.
Não temos tempo para nós mesmos! Aliás… assusta-nos o facto de termos tempo para nós. Para nos olharmos, nos questionarmos, nos procurarmos.
Acordamos nas rotinas das manhãs procurando a nossa felicidade nos outros!
Mas hoje a boca escolhida é a minha, entre todas as bocas. Escolhida por mim, com vontade de me amar, com soberana liberdade…
Não me procuro compreender. Isso é demasiado assustador! Apenas coincidiu quando percebi que tinha uma pequena ferida na boca!
Quero começar-me olhar-me mais de perto, caso contrário lutarei sem vontade.
… Porque não posso lutar pelos outros, sem antes lutar por mim!
PatríciAntão

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