A cada dia que vivo, a cada olhar sobre a correria da
sociedade me apercebo mais do desperdício de vida e sentimentos que há no Homem.
Cada vez mais destruída, a humanidade não passa de marionetas
do relógio que corre cada vez mais depressa.
Entre os dedos do Homem existe prudência egoísta, nos olhos
desconfiança, nos batimentos do coração cansaço, na memória esquecimento…
Porque dentro dele só existe a frieza de algo mecânico.
O Homem só pensa e não sente, e condena quem não consegue
ser racional nesta consistência.
Esquecem-se de que o Sol brilha. Esquecem-se de contemplar
as estrelas e fitam todas as atenções para os bens materiais que criou.
… por vezes a revolta
dentro de mim é tão grande que me apetece gritar, bem lá do alto de uma colina,
em que todo o mundo me possa ouvir. Apetecia-me parar o Homem e fazer-lhe
perceber como é bom sentir borboletas na barriga, como é bom abrir os braços,
respirar fundo e sentir as forças do Céu, inalando a transparência do Ar,
experimentando voar à velocidade do Vento… Com o brilho da Lua, ou com a luz do
Sol fazer-lhe abrir os cérebros, e colocar no crânio matéria de coração.
Para
que sentissem nas extremidades da pele o esplendor do Fogo entrar-lhes pelo
corpo, de forma a que o resplendor das chamas brilhassem nos seus olhares.
Pensam eles que têm toda a estabilidade da Terra, dominando tudo e todos,
esquecendo-se de si mesmos, olhando apenas para o espelho para melhorarem a
imagem para os outros. Firmes que nem umas rochas, esquecem-se da doçura da
Água e não sabem o sentido do sal das lágrimas.
A que profundidade do mar está o Homem?
Onde vamos chegar com tanta indiferença perante o Mundo que
nos criou?
Sem sensações…
Não suporto ver este Homem destemido e introvertido na sua
essência.
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