domingo, 24 de fevereiro de 2013

Isto é Saudade!

 
Se toda a saudade que se sente se escrevesse em verso, seria em forma de lágrima.
Escabiosa lágrima de gritos, fantasias, idealidades e surpresas.  
A arte de fotografar, de escrever, de pintar, de cantar, tudo cessa pela saudade… Mesmo havendo a existência do sorriso, o arrepio final leva a uma lágrima, nem que esta fique guardada nas profundezas do nosso olhar.
Cabisbaixa é a saudade, e dela nos alimentamos para querer mais no futuro.
Insaciáveis, insatisfeitos queremos viver mais, só porque a saudade nos segredou que o passado afinal valeu a pena.
Entre todos os esforços encontra-se sempre saudade de algo… nem que seja apenas da solidão de momentos que ficarão eternamente nossos.
Viajamos entre congruências da vida e a conclusão nenhuma chegamos a não ser que todos os poetas, todos os loucos, e todos os que se sentem vivos, sentem obrigatoriamente saudade.
O cheiro a terra molhada, o cheiro ao creme que nos faz lembrar o Verão, o barulho que nos pareceu familiar, um olhar que já não pertence à terra… tudo com o contorno da fantasia derivada da nostalgia.
Não se precisa de perder para sentir saudade.
Baste crescer, mudar, adormecer e acordar!
Bate forte lá dentro, no músculo que nos mantém vivo a cada sentir e a cada pensar, não podemos fugir à saudade.
Sem ela o passado não faz sentido, e por muito duro que seja lembrado, a saudade está sempre presente.
O chão da varanda do tempo é alto, e mesmo querendo torturar as histórias que já passaram, a brisa do vento não deixa.
Viver sem saudade é como ser uma esfinge sem segredo. É como ter um relógio sem ponteiros. Não precisamos de atravessar oceanos e continentes para sentir saudade. Basta ouvir o fecho da mala, para o nosso corpo reagir a que qualquer momento de saudade estará para vir.
Será esta a essência da vida e o sentido das nossas emoções?
Será que é  a saudade que nos faz olhar para trás?
Será que é ela a conduta de todo o sangue das nossas veias?
Não sei…
Mas hoje sinto saudade…
Muita saudade do que foi… e não voltará ser!
 
PatríciAntão

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Eu olho o céu

 
 
"Eu olho é o céu!
Imensamente perto,
 o céu que me descansa
como um seio.
Pois só o céu é que está perto,
 sim, tão perto e tão amigo
 que parece um grande olhar azul
 pousado em mim. "

- Mario Quintana -

Discórdia

 
O que há de errado contigo?
- A discórdia entre a mente e o coração! Apenas isso...
Não sabes pensar sem sentir, nem sentir sem pensar.
Um dia vias ficar louca!
Sim, quando te aperceberes quanto tempo perdeste nessa discórdia.
No dia em que não tiveres mais gasolina dentro do teu depósito interior nem sequer para arrancar.
E aí não conseguirás dar sequer a tua própria partida.
Toda essa discórdia em ti é um ladrão da noite, vestido de negro que te rouba aos pedaços.
Não insistas em que toda a tua vida passe pela tua cabeça num minuto e se transforme em sentimentos no segundo.
A discórdia vai-te pegar e consumir até ao fim.
Porque pensas no fim?!
Não te queiras controlar...
Pensa no conforto da tua mente e no relaxamento do teu coração!
É tudo perto demais... não fujas de ti mesma.
Não jogas limpo e um dia vais-te sair mal com toda esta discórdia.
Pensa duas vezes o porquê dessa linha do teu pensamento ter sido alterada automaticamente para sentimento.
Nem tudo na vida vale a pena ser sentido.
Apenas vivido superficialmente para evitar males maiores!
E, se um dia começares a vacilar, sê esperta e não entres em discórdia. Pensa ou sente, mas não mistures todos os teus fluidos em ti.
Ás vezes acabas por confundir escuridão com luz, e pintas retratos desbotados nas paredes, acabando por entrar no teu sonho, convencendo-te de que eles falam contigo.
Tudo isso não passa de paranóia.
Estás ouvir-me?
Já estás alucinar...
Sou apenas o ladrão negro da noite!
A discórdia total entre a tua mente e o teu coração...
PatriciAntão

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Arte da Medicina

 
 
 
"A arte da medicina
 consiste em
distrair o paciente e
nquanto a Naureza cuida da doença."
 
 
- Voltaire -

Onde cabe tudo o que é meu

 
Até o meu sonho mais negro cabe no arco-íris,
Toda a minha fantasia cabe num jardim
E toda a minha memória se encontra dentro de um coração
Abalando o cérebro, mudando a cor da minha pele,
Mudando o calibre das minhas veias.
 
...Porque tudo o que corre no meu corpo é vida
E toda a minha vida não cabe em mim!
 
Por isso dou tanto de mim aos outros,
E encontro toda a desilusão entre quatro paredes brancas
Dessa casa a que lhe dou o nome de solidão!
 
E é no girassol que está à entrada
Que cheira a vulnerabilidade de todos os meus sentimentos.
E nesse vaso de terra molhada está enterrada a caixinha...
... A caixinha de lembrança e saudade
Bordada de afinidade, amor e lágrimas...
 
Onde o sorriso é apenas o remendo!
 
PatríciAntão

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Profundezas do Homem

 
A cada dia que vivo, a cada olhar sobre a correria da sociedade me apercebo mais do desperdício de vida e sentimentos que há no Homem.
Cada vez mais destruída, a humanidade não passa de marionetas do relógio que corre cada vez mais depressa.
Entre os dedos do Homem existe prudência egoísta, nos olhos desconfiança, nos batimentos do coração cansaço, na memória esquecimento… Porque dentro dele só existe a frieza de algo mecânico.
O Homem só pensa e não sente, e condena quem não consegue ser racional nesta consistência.
Esquecem-se de que o Sol brilha. Esquecem-se de contemplar as estrelas e fitam todas as atenções para os bens materiais que criou.
  por vezes a revolta dentro de mim é tão grande que me apetece gritar, bem lá do alto de uma colina, em que todo o mundo me possa ouvir. Apetecia-me parar o Homem e fazer-lhe perceber como é bom sentir borboletas na barriga, como é bom abrir os braços, respirar fundo e sentir as forças do Céu, inalando a transparência do Ar, experimentando voar à velocidade do Vento… Com o brilho da Lua, ou com a luz do Sol fazer-lhe abrir os cérebros, e colocar no crânio matéria de coração.
 Para que sentissem nas extremidades da pele o esplendor do Fogo entrar-lhes pelo corpo, de forma a que o resplendor das chamas brilhassem nos seus olhares. Pensam eles que têm toda a estabilidade da Terra, dominando tudo e todos, esquecendo-se de si mesmos, olhando apenas para o espelho para melhorarem a imagem para os outros. Firmes que nem umas rochas, esquecem-se da doçura da Água e não sabem o sentido do sal das lágrimas.
A que profundidade do mar está o Homem?
Onde vamos chegar com tanta indiferença perante o Mundo que nos criou?
Sem sensações…
Não suporto ver este Homem destemido e introvertido na sua essência.
PatríciAntão

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013