sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Coração Efeito-Borboleta

 
Hoje apenas quero transformar
Meu coração ferido
Num borboleta.
Aprendo a voar
Espalho cor e alegria
Sinto-me a fada da Natureza!
E na simplicidade de pouca vida
Vivo sem pensar
Apenas dar e amar
Para um sorriso do que me avistam conseguir.
E assim preencho corações
Corações de como está o meu
Triste, mole e vazio
À espera que uma borboleta passe por mim
E transforme meus lábios em alegria!

Descrição

 
 
Porque é que descrevemos tanto as coisas da vida,
se nos esquecemos de viver as boas coisas que ela no oferece, aquelas que não têm descrição?!

Pedra do meu caminho

 
Distraída como sou, tropecei na pedra e caí... Foi então que conheci a rigidez do solo e os meus músculos ganharam força e aprenderam erguer-se, levantando o peso do meu corpo e o tormento da minha alma.
 
Mas como bruta que fui, agarrei na pedra e utilizei-a como projéctil para magoar todos aqueles que me rodeavam. Porquê? Se eu própria tropecei nela?!
Então, para que não me chamassem de desastrada, inútil e egoísta, empreendi, e usei todas as pedras que de uma desfeita vez e construi, construi muros onde entre eles cresceram flores, entre as quais rosas vermelhas com espinhos.
Mas cansada de me picar cada vez que tentava chegar ao amor, dela fiz um assento, pois quando era pequena, a pedra não passava de um brinquedo inocente.
 
Até que olhei para uma bela escultura que parecia um humano entre fantasia e pensei: "Não!Eu vou poetizar a pedra!"
 
E depois de perceber quantas voltas deu a pedra do meu caminho, percebi que o problema não estava na pedra, mas em mim!
 
Nunca deverá existir a pedra pesada num caminho.
Vamos transformá-la em coisas úteis e aproveitá-la para o nosso próprio crescimento.
Porque em cada segundo que respiramos cai uma gota de água do céu e nós desviamos-nos para não sentir o frio e humidade da natureza. Mas a pedra não... A pedra por muito corroída que esteja, suporta tempestades e dores, e antes de se transformar em nada transforma-se em areia. 
Areia que amamos pisar. Pedra em que somos obrigados a tropeçar.
Sem a pedra do meu caminho, a minha caminhada não evoluiria.
 
A natureza ofereceu-me a vida e a pedra como ensino, e de todas as oportunidades que ela me dá, terei de ser eu saber tirar o melhor proveito...
...
Porque talvez não tenha outra chance...
Chance de encontrar outra pedra!
 

Entre lados opostos


 
Inspiro o ar gelado que penetra nas minhas vias respiratórias e me obriga deitar "fumo" para fora... 
 
"Fora"... A rua que acompanha toda esta nostalgia de viver e habitar no oposto.
 
Fui para fora do quente do meu canto, do Sol, da lareira em noites de Inverno... E foi aqui fora que eu aprendi o quanto gosto do meu Portugal, o quanto eu gosto das birras com o meu pai e das discussões tolas com a minha mãe.
Foi aqui fora, ao frio, que congelei todas as memórias de quando bebia um bom café com os grandes amigos e recordávamos tempos passados. Porque toda esta aguarela passa também agora a passado... passado muito recente, mas que infelizmente não faz já parte da minha vida!
 
Entro no "Tram"... (até lhe poderia chamar eléctrico, mas até isso já nem parece fazer sentido).
Algo se começa a descolar de mim, e o frio que vagueia nestas ruas, entra na minha pele e faz com que se  arrefeça muito do meu ser e sentido. É no "Tram" que procuro os rostos a que estou habituada: rostos de força e não de luta diária obrigatória. Rostos com sorriso, rostos que recebem o Sol nos seus olhos.
Nos trilhos do tempo que era e não é mais, procuro detrás destes olhos sem vida uma explicação para tanta loucura e frieza.
É esta luz, da fria madrugada que me assusta! Começo já comportar-me como esta gente...
 
De guarda chuva na mão, saio do "Tram" e procuro uma rotina... uma fria rotina, onde não há Sol, montanhas, o cheiro a comida da mãe, os gritos das gargalhadas da nossa gente... O mar... "ai o mar" ... O mar que está lá no fundo, e que a neblina não me deixa enxergar!
 
Não posso dizer que não gosto de estar aqui, mas sinto a arritmia do meu corpo cansado, que envelhece a pensar no quão feliz seria, se hoje anoitecesse na beleza estonteante do horizonte alaranjado de Portugal...
 
Mas fico aqui mais uma noite, mais uma manhã fria... até quando? Não sei, só sei que aqui na Bélgica o que mais me alegria dá, é saber que em vós, amigos Portugueses, agora minha família, é nos vossos olhos que encontro o brilho do Sol e toda a minha alegria! 
 
PatríciAntão

domingo, 18 de novembro de 2012

Velhas folhas de Outono

 
 
Meus pés pisam as folhas secas que as árvores choraram.
 
...Todo o chão é um manto coberto de lágrimas, daquelas que nos dão ar e alegria na Primavera.
Parece tudo acabar quando mudamos de estação... Até percebermos que tudo não passou de uma renovação: e o Sol volta a brilhar, as folhas a crescer e as borboletas a voar...
 
Todo o manto amarelo e castanho é triste e solitário.
A nudez da natureza faz com que me sinta despida de alegria e energia para poder viver.
Embalo-me nos passos entre folhas caídas! Ainda não é noite, mas o dia é sempre escuro e frio.
 
Sente-se o violino com ferrugem encostado ao solitário banco de jardim. Ele também chora, ele também grita... ele também morre.
 
Tudo pára ao canto do velho sino onde tudo e todos ficam presos à tristeza e a saudade.
 
Sinto-me esquecida pelas borboletas e pelo canto dos pássaros. Sinto falta da loucura do Sol! Apenas porque me sinto dominada por esta cor dourada, escondendo-me entre sombras e vazios, ouço vozes de melancolia sem cor nem vontade.
 
O céu transpira chuva, e os meus sonhos dormem gelados entre os dedos que cruzam a minha sina!
 
Mas se viver é mesmo isto, porque se morre tanto nestas alturas?!
 
Para nascer de novo é preciso morrer, semear nesta terra molhada, para que o pó se levante e o verde de esperança renasça com novas flores.
Não posso pensar que a vida é dia sim dia não, como as estações do ano.
Não posso pensar que a minha alma é incerta como o tempo.
Não posso convencer-me que quanto mais envelheço mais idêntica a uma pedra fico: dura e gelada... perdida entre folhas de Outono.
 
Tenho de fazer uma entrega alucinada e aceitar o frio e a chuva, a sombra e o escuro, pois será essa a luz condutora quando o Sol se esconder.
 
Vou dar uma oportunidade ao céu de chorar, para depois receber daquilo que sempre me aumentou o calor do coração.
 
Vou dormir em velhos sonos e jamais abandoná-los!
 
Como as árvores abandonam as suas velhas folhas...

sexta-feira, 16 de novembro de 2012