Pena: afeção mais amargurada que um homem pode ter por
outro.
Mas, pior que ter pena dos outros é ter pena de nós mesmos.
Quando as guitarras desafinadas prendem nós nos nossos
cabelos, a nossa alma de vento morre, a liberdade deixa de existir, o espelho é
um objeto que assusta.
As manhãs passam ser doença, e a cura são as eternas noites
de solidão.
Não luz nem estrelas, e o caminho não passa de uma maré
negra, onde os barcos se perdem na tempestade.
Entre trovões e
chuva, o medo já nem existe, porque foi a pena, foi a pena que tudo
roubou. Roubou alma e sentidos, roubou personalidades e afinidades .
Na rua do silêncio a desgraça não é ser pobre, é ter pena.
Pena do próprio mundo, com desejos vãos e longínquos, de braços fechados, de
olhos cansados onde é já impossível enxergar Primaveras!
Quando me sinto só, tenho pena de mim. Não há qualquer
fascinação que me queira levar tal pensamento, recusando-me a abrir os braços e
descansar os meus olhos deste penoso sentimento.
Não consigo estabelecer um fim nesta fronteira…
Não tenho pena quando sinto pena.
Que voe a pena nas asas da libertação!
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